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Odebrecht exige 100 milhões de dólares para concluir represa no Peru

Empreiteira investigada pela Lava Jato no país culpa o Governo por gastos adicionais e atrasos

A sede da empreiteira Odebrecht, em São Paulo.
A sede da empreiteira Odebrecht, em São Paulo.Sebastiao Moreira (EFE)
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Localizado no departamento de La Libertad (norte do Peru), Chavimochic III é um projeto de irrigação e eletrificação a um custo de quase 700 milhões de dólares (2,2 bilhões de reais). A construção da represa de Palo Redondo, parte fundamental do projeto, foi entregue em 2013 a um consórcio integrado pela empreiteira brasileira Odebrecht e pela peruana Graña y Montero, mas foi interrompida após 70% dos trabalhos. A empresa brasileira alega que o Governo regional demorou a entregar os terrenos da obra, e que isso causou atrasos e gastos adicionais calculados em 100 milhões de dólares (310 milhões de reais), cujo reembolso ela pleiteia agora.

A represa de Palo Redondo terá capacidade para armazenar 400 milhões de metros cúbicos de água – o equivalente a 160.000 piscinas olímpicas. A água será proveniente do rio Santa e transferida por canalização até um lago de 62.000 hectares. Estima-se que a usina gerará indiretamente 120.000 novos postos de trabalho no setor agropecuário.

Corrupção

O canteiro de obras, onde antes trabalhavam 1.600 operários, agora parece uma cidade-fantasma. Logo na entrada há dezenas de basculantes, escavadoras e tratores parados. Há algumas semanas, a Odebrecht interrompeu os trabalhos. Para retomar as obras, exigiu uma ampliação do prazo de entrega, além de um pagamento adicional.

Apesar de a empresa ter solicitado a intervenção de um perito para determinar o valor desse pagamento, a região calcula que seja algo em torno de 100 milhões de dólares. Luis Valdez, governador de La Libertad, protestou contra o que considera uma exigência “arbitrária e caprichosa”. “Não vamos permitir que empresas como a Odebrecht brinquem com a confiança de todo um país, de toda uma região, incorrendo em atos de corrupção para satisfazer seus interesses”, afirmou.

Christopher Acosta, diretor da Unidade de Investigação do canal de televisão Latina, explica que “o caso está se complicando porque, até o momento, nem a Odebrecht nem sua sócia peruana conseguiram crédito com nenhum banco que possua os 340 milhões de dólares que elas têm de investir na obra”. A isso é preciso somar a proibição à construtora de vender suas ações devido a um decreto recente que impede que isso seja feito por empresas declaradas corruptas, como é o caso da brasileira, investigada também no Peru pelo escândalo da Lava Jato.

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