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Adeus a Al Jarreau, ícone do ‘jazz fusion’

Cantor morreu aos 76 anos, após ser internado com uma pneumonia Seu grande sucesso foi o tema da série de televisão ‘A gata e o rato’

Al Jarreau no Rock in Rio, no Rio de Janeiro.
Al Jarreau no Rock in Rio, no Rio de Janeiro.Felipe Dana (AP)

Al Jarreau, popular vocalista de jazz, faleceu na manhã deste domingo, 12 de fevereiro, em um hospital de Los Angeles, onde tinha sido internado com pneumonia. Jarreau, de 76 anos, tinha tido problemas de saúde durante suas últimas excursões pela Europa e acabava de anunciar sua aposentadoria ao vivo.

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De nome completo Alwin Lopez Jarreau, nasceu em Milwaukee (Wisconsin) em 1940. Integrante de uma família religiosa, que desconfiava do mundo do jazz, Al trabalhou em clínicas de reabilitação em San Francisco. Quando decidiu dedicar-se profissionalmente à música, já tinha cerca de trinta anos. E não fazia o tipo de cantor de jazz, se é que isso existe: depois de uma fase na cientologia, tornou-se um cristão discreto.

Tinha estudado a obra de Lambert, Hendricks & Ross, juntos e separados, vocalistas surgidos depois da eclosão do be-bop, que usavam imaginativamente o scat e o vocalese. Apesar de amar Ella Fitzgerald e Anita O’Day, geracionalmente pertencia à onda do soul. Simpatizava igualmente com os instrumentistas eletrificados, que estavam definindo a nova categoria do jazz fusion.

habitué nas casas noturnas de Los Angeles, a Warner Bros. se seu conta de seu talento e carisma em 1975. Sua carreira decolou em 1980, quando se associou ao produtor e compositor Jay Graydon. Sua voz cálida veio a definir a vertente mais jazzística do som de Los Angeles, com gravações de alto nível, marcadas pelo brilho dos sintetizadores. Era música que parecia pensada para ficções cinematográficas e televisivas; de fato, um de seus grandes sucessos foi o tema de abertura da série Moonlightning (1985-1989), conhecida no Brasil como A gata e o rato.

Pertencia à categoria de artistas de qualité, essas figuras bem vistas pela indústria e seus colegas. Inclusive teve um espaço na multitudinária gravação de “We are the world” (1985), o hino de Michael Jackson e Lionel Ritchie. Também levou para casa sete prêmios Grammy.

Um certo cansaço estético o levou a experimentar rupturas sonoras sob a direção de Nile Rodgers, o homem de Chic (L is for lover, 1986) e Narada Michael Walden (Heaven and Earth, 1992). Já no fim dos anos noventa, se afastou das gravações e trabalhou com orquestras sinfônicas. Também foi parte integrante do circuito europeu de festivais de jazz, onde sempre teve muita presença, como testemunham vários discos ao vivo.

Sentiu-se rejuvenescido com a assimilação de técnicas vocais derivadas da música africana e oriental. Competia de forma amistosa com outro cantor de jazz inclassificável, Bobby McFerrin. A partir do ano 2000, gravou para o selo Verve. Para essa empreitada, protagonizou discos atraentes com o guitarrista George Benson e com o tecladista George Duke, colega de seus primeiros tempos de Los Angeles. Em 2004, gravou Accentuate the positive, uma coleção de antigas canções rejuvenescidas pelo produtor Tommy LiPuma; quatro anos depois, fez o obrigatório disco de canções natalinas.

Casado com a modelo Susan Elaine Player, tinham um filho. Jarreau dedicava muita energia à promoção da educação e da leitura entre os jovens.

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