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Procurador da Colômbia virá ao Brasil para aprofundar investigação do caso Odebrecht

Ministério Público colombiano realiza 11 investigações no país sobre o escândalo de corrupção

Ana Marcos
O promotor geral de Colômbia, Néstor Humberto Martínez.
O promotor geral de Colômbia, Néstor Humberto Martínez.Mauricio Dueñas Castañeda (EFE)

O procurador-geral da Colômbia, Néstor Humberto Martínez, viajará em 16 de fevereiro a Brasília para se reunir com o procurador-geral do Brasil, Rodrigo Janot, e continuar com os trabalhos de investigação sobre o caso Odebrecht. A viagem será realizada uma semana depois de a Procuradoria colombiana ter apontado que parte do dinheiro recebido por um ex-senador, detido no início do ano, tinha sido destinada à campanha presidencial do atual mandatário, Juan Manuel Santos, em 2014. O escândalo de corrupção da construtora brasileira no país deixa um saldo, por ora, de dois presos e 11 investigações em curso, depois que executivos brasileiros confessaram ter entregue 11 milhões de dólares (34 milhões de reais) em subornos na Colômbia.

Depois da detenção de Gabriel García Morales, vice-ministro de Transportes durante o Governo do presidente Álvaro Uribe, nos anos 2009 e 2010, por ter recebido 6,5 milhões de dólares (20 milhões de reais) da Odebrecht, pairou novamente a sombra da dúvida e da corrupção sobre o legado do ex-presidente conservador. Semanas depois, um ex-senador liberal, Otto Bula, suplente no posto do primo de Uribe, foi detido por ordem da Procuradoria por ter recebido 4,6 milhões de dólares (14 milhões de reais) dos brasileiros. Em sua declaração sob juramento, o congressista confessou que parte do dinheiro que obteve foi parar na campanha presidencial para a reeleição de Santos. Do depoimento só se conhece um parágrafo no qual faz referência a esse pagamento, sem dar detalhes. Tampouco entregou documentos que justifiquem esse valor.

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Otto Bula afirma que deu um milhão de dólares (3,14 milhões de reais) em espécie a um intermediário, Andrés Giraldo, amigo do gerente da campanha, Roberto Prieto. Horas depois de a Procuradoria divulgar a investigação, Prieto emitiu um comunicado no qual rechaçava a acusação, além de garantir que não conhecia o ex-senador. “Expresso meu mais enérgico rechaço às infundadas, tendenciosas e caluniosas declarações sobre minha pessoa dadas à Procuradoria-Geral da Nação pelo senhor Otto Bula, a quem mal conheço e com quem nunca, mas nunca, dividi sequer um café”, diz o texto.

Menos de 48 horas depois, Giraldo, em uma entrevista à revista Semana reconheceu que se reuniu com o ex-congressista em um hotel do norte de Bogotá. “Não me lembro com certeza da data, precisamente porque não estava cometendo nenhum ato ilícito e foi um encontro informal”, afirma o intermediário. Durante esse encontro, de não mais que meia hora, sempre segundo a versão de Giraldo, conversaram sobre dois projetos de aquedutos em diferentes regiões do país. Era a primeira vez que se viam, disse. Nesse mesmo hotel estava Roberto Prieto à espera de saber em que havia consistido a reunião. Ou seja, o gerente da campanha não falou diretamente com Bula, segundo seu amigo, mas foi, de fato, testemunha do encontro.

A Procuradoria colombiana investiga a possível lavagem desse dinheiro, como chegou à Colômbia e se houve delitos de tipo cambial. O Conselho Nacional Eleitoral será encarregado de esclarecer se a campanha do presidente Santos recebeu dinheiro ilegal. O órgão poderia levar pelo menos seis meses na investigação, por isso, provavelmente, pedirá ajuda à Procuradoria.

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