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Evo Morales dedica um museu a Evo Morales

Bolívia investe oito milhões de dólares em um recinto que presta homenagem à figura do presidente em sua cidade natal, de 600 habitantes

Evo Morales, à direita, e o vice-presidente García Linera junto a uma estátua do presidente.
Evo Morales, à direita, e o vice-presidente García Linera junto a uma estátua do presidente.DAVID MERCADO (Reuters)
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Evo Morales inaugurou nesta quinta-feira o Museu da Revolução Democrática Cultural, dedicado à luta camponesa desde os tempos coloniais até o Governo do primeiro presidente indígena da Bolívia. O museu está localizado na cidade natal de Morales, Orinoca, com população de 600 habitantes, localizada a três horas da cidade mais próxima, Oruro. O custo da construção foi de cerca de oito milhões de dólares.

O principal fundo do museu foi doado pelo próprio Morales: os 16.000 presentes que recebeu durante seus 11 anos como governante, principalmente das comunidades rurais. Portanto, contém uma importante coleção de símbolos indígenas de poder como cetros, chicotes e chapéus cerimoniais. "Não é um museu de presentes, como querem que pareça; colocamos a doação do presidente no contexto das lutas indígenas, de onde sai Evo", disse ao EL PAÍS Leonor Valdivia, uma das curadoras do museu.

A obra, na qual trabalharam reconhecidos historiadores e artistas nacionais, tem todas as condições e serviços de um repositório moderno: sala de exposições temporárias, centro de documentação, biblioteca, café, loja, etc., organizados em mais de 10.000 metros quadrados, o que o transforma no maior museu do país. O tamanho faz com que seja excêntrico para a região em que está localizado, que é uma das mais pobres da Bolívia.

A imagem de Morales é preeminente na exposição, que contém vídeos com seus discursos mais famosos, assim como retratos e fotografias. A construção do museu foi ordenada pelo Governo em 2006, poucos meses após a posse do líder esquerdista. O próprio decreto governamental declarou Orinoca "patrimônio histórico nacional" e a humilde casa onde o presidente nasceu como "monumento histórico".

Durante todos estes anos o museu foi objeto de controvérsia. Para seus críticos, contribui para o "culto à personalidade" que supostamente o oficialismo nutre em relação ao seu líder e é um desperdício, porque, devido à sua localização, não poderá ser usado por grande parte da população. Para seus defensores, permite o acesso público aos presentes valiosos recebidos pelo presidente e contribui para a tarefa governamental de exaltar a contribuição das nações indígenas, ancestralmente marginalizadas, à cultura e política do país.

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