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Bolt perde um de seus nove ouros olímpicos

COI o desqualifica de prova de Pequim 2008 por doping de Nesta Carter, da equipe de revezamento da Jamaica

Carlos Arribas
Os jamaicanos Usain Bolt, Michael Frater, Asafa Powell e Nesta Carter
Os jamaicanos Usain Bolt, Michael Frater, Asafa Powell e Nesta Carterefe

Usain Bolt continua sendo o maior velocista olímpico da história, mas, entre seus tantos títulos, não poderá mais contar com o triplo-triplo (três medalhas de ouro em três Jogos consecutivos: 100m, 200m e revezamento 4x 100), que era a sua marca registrada.

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O Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou nesta quarta-feira que uma nova análise das amostras recolhidas em Pequim 2008 permitiu que se encontrasse a substância proibida metilhexameamina na urina de Nesta Carter, primeiro a correr pela equipe de revezamento da Jamaica nos Jogos de Pequim 2008, que era integrada também por Bolt. Uma das consequências do resultado positivo para o teste de Carter é a desclassificação de toda a equipe. A medalha de ouro, assim, passará a pertencer a Trinidad e Tobago, que conquistou o segundo lugar na ocasião. A metilhexameamina é o mesmo estimulante que levou à desclassificação, também em Pequim 2008, da corredora de obstáculos espanhola Josephine Onyia, desligada de forma definitiva do esporte em 2015 depois de um terceiro exame de doping positivo.

Em junho do ano passado, quando veio a púbico o resultado positivo de Carter, agora sancionado, Bolt já havia comentado que não se oporia a devolver a medalha de revezamento conquistada na China. “O resultado positivo de Nesta é muito triste, porque trabalhei muito duro durante anos para ganhar medalhas de ouro e me tornar o melhor, mas isso é uma coisa que pode acontecer”, disse. “São coisas que acontecem na vida e contra as quais não posso fazer nada. Quando for confirmada a desclassificação do revezamento e eu tiver de devolver a medalha, vou fazê-lo, sem problema algum. Não acredito que a minha condição de lenda viva seja arranhada por causa disso”.

Treinado por Stephen Francis, Nesta Carter faz parte do grupo concorrente de Bolt no atletismo jamaicano, liderado por Asafa Powell, ex-recordista mundial dos 100m (9,74s, em 2007), suspenso por seis meses em 2014 por uso de estimulante. Embora Carter, de 31 anos, tenha chegado a fazer 100m em 9,78s (ele é um dos sete atletas no mundo inteiro que ficaram abaixo de 9,80s), sua carreira individual não foi tão brilhante quanto a coletiva. Foi medalhista de bronze no Mundial de Moscou de 2013 e de prata, em pista coberta, em 2012, mas é conhecido principalmente como integrante, ao lado de Bolt, Powell e Michael Frater, com a chegada posterior de Yohan Blake, da melhor equipe de revezamento da história. Apesar de ter perdido o ouro conquistado em Pequim, Carter, que sempre foi o responsável por sair em primeiro, mantém o ouro olímpico de Londres 2012, bem como o dos Mundiais de 2011, 2013 e 2015. Carter não participou do revezamento da Rio 2016, em que Bolt conquistou a sua nona medalha de ouro. Todos os atletas que ficaram abaixo de 9,79s deram positivo em seus exames, com exceção de Bolt, que mantém desde 2009 o seu recorde mundial de 9,58s. Além de Carter e de Powell, seu compatriota Blake (9,69s) e os norte-americanos Tyson Gay (9,69s) e Justin Gatlin (9,74s) foram punidos por doping.

No mesmo comunicado em que informou a perda, por Bolt, de seu triplo-triplo, o COI também anunciou a constatação de uso do anabolizante oral turinabol pela saltadora russa Tatiana Lebedeva, que, depois do resultado positivo obtido em nova análise de sua amostra de urina de Pequim 2008, perde as medalhas de prata conquistadas no salto à distância e no salto triplo. Lebedeva, de 40 anos, é uma das maiores saltadoras da história. Campeã olímpica em Atenas 2004 e tricampeã mundial, a russa é recordista mundial de salto triplo em pista coberta desde 2004 (15,36m) e possui a terceira melhor marca da história ao ar livre (15,34m). No salto à distância, sua melhor marca é 7,33m, a oitava melhor da história.

Com essas últimas dopagens anunciadas, o total de exames positivos encontrados nas novas análises de amostras de Pequim 2008 e de Londres 2012, e punidos pelo COI, chega a 98 (61 em Pequim e 37 em Londres).

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