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Hospital Universitário Pedro Ernesto, um centro médico fantasma

Com dois meses de atraso nos pagamentos, muitos funcionários deixaram de ir trabalhar

María Martín

Entre as instituições associadas à UERJ sobrevive o Hospital Universitário Pedro Ernesto, referência no Rio de Janeiro em radioterapia e quimioterapia, maternidade de alto risco, cirurgia cardíaca, hemodiálises e transplantes. Hoje, no entanto, não parece um centro hospitalar de ponta e sim um local fantasma. Com dois meses de atraso nos pagamentos, muitos funcionários deixaram de ir a trabalhar e um hospital que tem capacidade para mais de 500 leitos, hoje não atende mais de 120 pacientes.

Um corredor vazio do Hospital Universitário Pedro Ernesto.
Um corredor vazio do Hospital Universitário Pedro Ernesto.M. M.
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“O hospital se mantêm desde março do ano passado graças aos bloqueios nas contas do Estado conseguidos através da Defensoria Pública do Rio que obrigam ao Governo a repassar as verbas”, explica seu vice-diretor Carlos Eduardo Virgini. Antes disso, EL PAÍS comprovou, em janeiro, como o lixo desbordava as lixeiras, as faxineiras de empresas terceirizadas desistiam de trabalhar por falta de pagamento, as pias entupiam sem ninguém que as consertasse e faltavam gazes, remédios e até agulhas. O Governo não cumpria com os repasses.

Graças aos bloqueios nas contas, o hospital, que no começo do ano passado deixou de receber pacientes, chegou a ter internados entre 280 e 320 pessoas, mas no final do ano o quadro voltou a piorar. “Muitos servidores, sobretudo os técnicos de enfermagem, deixaram de vir, pois não tinham dinheiro para a passagem ou inclusive estavam sendo despejados das suas casas”, relata Virgini, que passou o Natal fazendo reuniões de emergência para reorganizar os plantões em base as ausências.

“Tivemos que começar a encolher as enfermarias e reorganizar as escalas”, explica. Os plantões do Natal foram possíveis graças a uma onda de solidariedade dos servidores, explica a chefe da equipe de enfermagem, Rejane Silva. "Enquanto uns faltavam, outros ligavam e se ofereciam para trabalhar mesmo não sendo seu turno e outros até cancelaram as férias", relata Silva. "Este hospital não funciona sem gente, e as pessoas que temos aqui não tem condição de ir para casa delas. Não podemos abandonar. Para mim isto daqui é minha vida”.

Hoje o hospital não está mais sujo, e os funcionários terceirizados percorrem sem vontade os corredores do local, um lugar vazio com salas e enfermarias fechadas com chave e o barulho de algumas pisadas solitárias. É horário de visita de um terça feira, deveria estar cheio, mas cerca de 70% das áreas do hospital estão fechadas.

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