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Gregg Popovich desqualifica Trump

“É difícil respeitar uma pessoa que tem opiniões misóginas, xenófobas e racistas”, afirma o técnico do San Antonio Spurs

Robert Álvarez
Gregg Popovich, técnico dos Spurs.
Gregg Popovich, técnico dos Spurs.José Méndez (EFE)

Gregg Popovich, considerado um dos melhores treinadores da história na NBA, criticou no último sábado, com veemência, Donald Trump. “Chegou-se a um ponto em que é difícil acreditar no que sai da boca dele, é realmente impossível”, disse o treinador do San Antonio Spurs.

Popovich, ex-oficial da Academia da Aeronáutica dos Estados Unidos, dedicou vários minutos da entrevista coletiva que deu antes do jogo entre o San Antonio e o Cleveland para expor suas opiniões sobre Trump. Popovich lamentou as reações do presidente dos EUA à Marcha das Mulheres realizada em Washington e em outras cidades do país. “Em vez de homenagear os 117 (funcionário das CIA mortos em ação) aos quais era dedicado o memorial onde ele estava, preferiu falar sobre o número de espectadores”, disse Popovich. “É preocupante. Eu me sentiria melhor se quem ocupasse o cargo (de presidente dos EUA) tivesse a maturidade e o equilíbrio emocional e psicológico de uma pessoa da idade dele. É perigoso, e não é bom para ninguém”.

Chegou-se a um ponto em que é difícil acreditar no que sai da boca dele, é realmente impossível Gregg Popovich

Popovich, que tem 68 anos e conquistou cinco títulos da NBA com os Spurs, time que dirige desde a temporada 1996-1997, aludiu à sua própria experiência ao transmitir um conselho a Trump: “A primeira coisa que o novo presidente precisar aprender é a aceitar as críticas e não ficar respondendo a elas de imediato pelo Twitter”, disse Popovich. “Digo isso com base na minha experiência de mais de 21 anos como treinador, em que nunca me deixei guiar por aquilo que dizem os meios de comunicação ou o quer dizem sobre a minha pessoa”.

O técnico dos Spurs, que logo após a vitória de Trump disse que “estou com dor de barriga”, reiterou em Cleveland que o novo presidente precisa mudar sua atitude intolerante e exibir a empatia de que necessita para entender outros grupos e não ficar atacando todos, inclusive os jornalistas. “A marcha deve lhe servir de reflexão e ele precisa entender a mensagem que lhe foi deixada pela aprovação mais baixa do que a de todos os presidentes anteriores que chegaram à Casa Branca”, avaliou. “Quem ganhou a maioria no voto popular foi Hillary Clinton, e ele precisa ter maturidade suficiente para fazer algo de verdade para incluir as pessoas e não apenas ficar dizendo que vai incluir todo mundo”.

Popovich disse que Trump deveria começar a falar com todos os grupos sociais com os quais faltou ao respeito ou insultou durante a campanha eleitoral; caso contrário, acrescentou, não terá nenhuma credibilidade. “O que os nossos filhos viram do novo presidente não foi outra coisa que não um comportamento, ações e imagens de uma pessoa misógina, xenófoba e racista, que chega até a gozar dos deficientes”, disse o treinador da NBA. “Todos nós queremos que ele faça coisas boas para o país e para o mundo, mas antes disso, em termos imediatos, precisa mudar o seu discurso, respeitar a imprensa, por mais coisas que ela publique sobre sua gestão, pois é obrigação dela”.

A marcha deve lhe servir de reflexão e ele precisa entender a mensagem que lhe foi deixada pela aprovação mais baixa do que a de todos os presidentes anteriores

LeBron James, que na semana passada classificou Popovich como o melhor técnico da história da NBA e que apoiou Hillary Clinton durante a campanha eleitoral, também regiu a algumas das opiniões dadas por Trump mais recentemente. Em seu perfil no Instagram, James divulgou um vídeo em que critica o novo presidente por ter usado uma frase do filme “Batman, The Dark Knight Rises”. A frase é dita pelo vilão Bane, que, em uma cena, dirigindo-se a pessoas reunidas nas ruas de Gotham City, afirma a elas: “... e devolvê-lo a vocês, o povo”, fórmula que Trump usou no discurso de posse na última sexta-feira. “Assim, acredito que Bane será o nosso próximo presidente, he he. Às vezes, é preciso rir para não chorar!”, escreveu James.

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