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Exército sírio diz que tomou o controle do leste de Aleppo

ONU anuncia que milhares de rebeldes permanecem ainda retidos no leste da cidade

Juan Carlos Sanz
Combatentes rebeldes abandonam Aleppo, nesta quinta.
Combatentes rebeldes abandonam Aleppo, nesta quinta.AFP
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O exército sírio anunciou nesta quinta-feira que concluiu a retomada da dos últimos redutos rebeldes de Aleppo depois da evacuação de todos os insurgentes e civis que estavam cercados em meio às ruínas. As forças do regime afirmaram pela televisão pública que se apoderaram de todas as áreas de cidade depois de mais de um mês de ofensiva aérea e terrestre em grande escala e de 10 dias de operação de transferência de cerca de 35.000 sitiados, 5.000 dos quais eram combatentes.

Contrariamente ao que foi dito pelo governo, milhares de pessoas ainda continuavam sitiadas na noite de quinta-feira em uma estreita faixa do sudeste da cidade. As Nações Unidas e o Comitê Internacional da Cruz Vermelha informaram que continuarão a evacuar os civis durante toda a noite. A Meia Lua Vermelha Síria havia anunciado também que “o último hospital evacuado do leste de Aleppo está vazio”.

A saída dos combatentes rebeldes e dos civis sitiados no lado oriental da cidade ocorreu de forma traumática, em meio ao caos, chuva e frio, em um processo marcado por inúmeras interrupções causadas pela desconfiança generalizada. Milhares de famílias permaneceram ao relento por dias inteiros, sob temperaturas inferiores a zero grau à noite, à espera da chegada dos comboios de ônibus.

A oposição perdeu o seu maior feudo urbano depois de quatro anos de partilha de Aleppo em uma zona ocidental sob controle do Governo e uma oriental em mãos rebeldes. O presidente Bashar al-Asaad se permitiu cantar a sua primeira grande vitória contra os rebeldes depois de ter tomado o controle das cinco maiores cidades do país.

O general Samir Suleimán, porta-voz do Exército, anunciou o “restabelecimento da segurança e da estabilidade em Aleppo, depois de esta ter sido libertada dos terroristas, com a saída dos últimos remanescentes”, informa Natalia Sancha de Beirute. A mesma fonte militar avalia que a reconquista da maior cidade do norte é “um importante ponto de inflexão” no curso da guerra e que possibilitará rápidos avanços.

Sexta ano de guerra

“Os tiros para o alto e o ruído das buzinas dos carros inundaram hoje a cidade síria de Aleppo para celebrar sua reunificação”, como afirmam os habitantes dos bairros do oeste da cidade, de acordo com uma testemunha da agência Efe. A guerra civil desencadeada depois das revoltas contra o regime em março de 2011 já conheceu 310.000 mortos, sendo 90.000 civis, incluindo 16.000 crianças, segundo os dados coletados por uma rede de informantes no terreno da ONG Observatório Sírio para os Direitos Humanos, com sede no Reino Unido.

A intervenção maciça de aviões de combate da Rússia a partir de setembro de 2015 promoveu uma virada na guerra em favor do regime de Assad, que contou na frente terrestre com o apoio das milícias xiitas do Irã, Líbano, Iraque e Afeganistão. Os rebeldes tiveram o apoio permanente em armas e dinheiro da Turquia, Arábia Saudita e das monarquias do Golfo, bem como dos Estados Unidos.

O mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, que pretende reativar as negociações de paz de Genebra a partir de fevereiro, afirmou nesta quarta-feira na cidade suíça que é preciso um cessar-fogo imediato a fim de evitar que Idlib, o maior feudo rebelde no norte do país, “se transforme em uma nova Aleppo”.

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