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Andressa Alves: “O futebol feminino não tem o apoio que gostaríamos”

Em ótimo momento no Barcelona, atacante da seleção afirma não ter condições para atuar em seu país

Andressa Alves, atacante do Brasil.
Andressa Alves, atacante do Brasil.Divulgação
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Andressa Alves vive uma fase marcante em sua carreira: depois da passagem pelo Montpellier, da França, foi contratada como a primeira brasileira da história do futebol feminino do Barcelona, equipe pela qual pode encerrar a temporada de estreia como campeã europeia e espanhola. Nada mal para levantar o ânimo da atacante da seleção brasileira após o quarto lugar na Olimpíada do Rio, com sabor de decepção.

No último domingo, a atleta de 24 anos confirmou o bom momento. Na derrota do Barcelona por 2 a 1 para o Atlético de Madrid, pelo Campeonato Espanhol de futebol feminino, marcou o único gol do Barça. "(O Barcelona) é um clube super profissional. O estilo de jogo parece com o brasileiro, com muita técnica e posse de bola. Isso facilitou bastante minha adaptação. Pretendo fazer uma grande temporada e permanecer no clube", conta ela ao EL PAÍS.

21 jogos para vencer dois títulos

No Campeonato Espanhol, restam 16 rodadas para o término da competição, que ocorre no dia 21 de maio de 2017. Um ponto atrás do Atlético de Madrid, o Barcelona segue vivo em busca do título nacional.

Pela Champions League, Andressa enfrentará o Rosengard, de Marta, em duas oportunidades, ambas no fim de março. Caso avance, ela ainda terá mais dois jogos pela fase das semifinais e a final, que ocorre no dia 1º de junho. A brasileira está a cinco partidas de sagrar-se campeã europeia.

Atualmente, o Barça ocupa a segunda colocação do Campeonato Espanhol, com um ponto atrás do líder Atlético de Madrid, e está garantido nas quartas de final da Champions League, ou seja, entre os oito melhores times da Europa. A atacante do Barça fez  dois gols em quatro jogos pela Champions e ajudou seu time a garantir a vaga nas quartas de final para enfrentar o Rosengard, da Suécia, equipe de sua compatriota Marta. "Estou muito ansiosa. Estamos pensando jogo a jogo e buscando espaço", contou a atleta, sobre o confronto direto com a camisa 10 da seleção brasileira. Andressa não vê sua equipe como favorita, mas pondera que "avançar às quartas foi um grande passo".

Sem futuro no Brasil, por ora

Ágil, dribladora e boa nas finalizações, a canhota é uma das principais atletas de uma nova geração que surge no Brasil, mas não acredita que pode atuar em seu país. Segundo ela, "a situação (no Brasil) é difícil pelos baixos salários, e por isso tantas jogadoras vão para a Europa para buscar melhores oportunidades para as famílias".

A exemplo de Andressa, Marta e Cristiane, do Paris Saint-Germain (FRA), são outras brasileiras que se destacam na Europa. Cada vez mais comum, esse êxodo reflete a atual situação do esporte feminino no Brasil. "O futebol feminino no país ainda não tem o apoio que gostaríamos. Tem melhorado, mas ainda é muito pouco", disse. "Faltam muitas coisas para alcançar o profissionalismo no Brasil: mais apoio de patrocinadores e mais transmissões dos jogos em TV aberta. Isso infelizmente não acontece, e, para haver investimento dos patrocinadores, as pessoas precisam ver os jogos", analisou.

À vontade no Barça, Andressa pretende permanecer na Catalunha.
À vontade no Barça, Andressa pretende permanecer na Catalunha.prisa

Nascida em São Paulo, Andressa não esteve na última convocação de Emily Lima, nova treinadora da seleção brasileira, para o Torneio Internacional de Futebol Feminino. Assim como ela, Marta e Cristiane também não foram convocadas. Por não ser um campeonato oficial da FIFA, o torneio que ocorre no momento em Manaus não obriga os clubes a liberarem suas atletas. Andressa falou sobre o peso que será para a primeira mulher a comandar a equipe nacional: "É uma grande responsabilidade, mas Emily é uma ótima treinadora, é madura e já trabalhou nas seleções de base, então se sairá muito bem". Nas duas primeiras partidas, o Brasil venceu a Costa Rica por 6 a 0 e a Rússia por 4 a 0. Emily tem, até o momento, duas vitórias, com dez gols feitos e nenhum sofrido em dois jogos no comando do time brasileiro.

Ao falar do posto que futuramente será deixado por Marta, sua colega de seleção, a jogadora do Barça vê como improvável que alguém substitua a meia-atacante com a camisa amarela. "Só vai existir uma (Marta). Temos que nos preparar para quando ela parar. Mas, queremos fazer história e conquistar títulos importantes. Isso nos ajudará a fortalecer a seleção."

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