_
_
_
_
_

Sucesso do futebol feminino surpreende o Atlético de Madrid

13.935 pessoas viram a vitória diante do Barcelona no Vicente Calderón

antonio nieto
As jogadoras do Atlético celebram a vitória contra o Barça.
As jogadoras do Atlético celebram a vitória contra o Barça.Álvaro García

O futebol feminino sobrecarregou o Atlético de Madrid. A última temporada do Calderón será também lembrada como a primeira em que a equipe feminina jogou no palco de gala e não no Cerro del Espino, onde costuma atuar a equipe alvirrubra. Não havia partida melhor para a ocasião. O Barça, primeiro na Liga Iberdrola, contra a equipe vermelho e branca, a segunda. A torcida compareceu em massa. A organização não conseguia dar conta. No total, 13.935 pessoas, dado oficial do clube, assistiram a um jogo que volta a demonstrar o crescimento irrefreável do futebol feminino. Não superou, porém, o recorde na Espanha, em poder do Atlético com 26.000 pessoas contra o Barça em San Mamés há quatro temporadas. O Atlético, empurrado pela arquibancada, se impôs ao Barça por 2x1, com gols de duas ex-azul-grenás, Marta Corredera e Sonia Bermúdez, e lhe arrebatou a liderança. A brasileira Andressa Alves descontou para a equipe da Catalunha.

Mais informações
Pedro Malabia: “O futebol feminino é um valor agregado para um clube”
“É um erro comparar o futebol masculino com o feminino”

O sol encobria o frio meio-dia perto de Manzanares. Uma manhã perfeita para ir em família ao futebol. Pais com cachecóis com os filhos vermelho e brancos. Clãs inteiros, do avô ao neto, reunidos na interminável fila para comprar as entradas e entrar no campo, se estendendo por uns 100 metros do passeio dos Melancólicos. Entrada grátis para os sócios e de cinco euros (18 reais) para os demais.

Todos surpresos. Ninguém esperava tamanha afluência. “Há uma fila para entrar que assusta”, avisava um garoto por telefone, possivelmente a um amigo, faltando meia hora para o começo da partida. Quinze minutos depois, a paciência dos torcedores começava a acabar.

As jogadoras do Atlético, antes de seu primeiro jogo no Calderón
As jogadoras do Atlético, antes de seu primeiro jogo no CalderónEmilio Naranjo

“É uma vergonha”, bramava Francisco Jerez, sócio do clube vermelho e branco há 26 anos, que foi ao estádio com o filho. “Acho muito bom que o feminino jogue aqui, mas estamos irritadíssimos”, acrescentou. Só se podia entrar por três portas e a fila chegava até quase a ponte. Era pior para os que ainda não haviam comprado as entradas. “Perderam o controle”, exclamava outro sócio, três anos de antiguidade no clube, que esperava mais atrás na filha com os dois filhos.

Faltando cinco minutos para o início da partida, o clube habilitou mais duas portas, a 13 e a 14, para resolver a confusão. “Pelo menos é uma fila com sentido”, diz uma torcedora. “Aqui o sol não chega. Tenho frio”, lhe responde sua amiga, equipada com uma jaqueta do time vermelho e branco. “Viemos apoiar as garotas e veja o que acontece. Estão sobrecarregados”, lamentava outra torcedora, Antonia Toro, que veio com o marido e o filho e comprou a entrada com uma hora de antecedência.

Começa a partida e o zumzum dos que esperam se transforma em vaias. Empregados do clube equipados com walkie talkies correm entre as pessoas para ajudá-las a entrar no estádio. Os que chegaram ao Calderón mais em cima da hora só ingressam quando já se passou quase meia hora de jogo. Alguns escutam do lado de fora o gol de Marta Corredera, no 27º minuto de jogo. Cinco minutos depois Sonia Bermúdez, principal goleadora da Liga Iberdrola, marca o segundo com um chute arqueado no gol de Sandra Paños. Duas amigas que dividiram anos de vestiário no Barça assestando dois golpes à sua ex-equipe. A ovação da arquibancada pelos gols, os uys e os aplausos soaram como nunca antes em uma partida da equipe feminina do Atlético. Também se escutaram cânticos do Frente e referências ao novo escudo que o clube apresentou: “No escudo não se mexe”.

No intervalo ainda se podia ver gente entrando no estádio.

Aos 17 minutos do segundo tempo o Barça reagiu com uma cabeçada de Andressa Alves. Empurrou a arquibancada como nunca quando mais pressionou sua equipe, que resistiu no 2x1 até o final da partida para conquistar a liderança e recomendar ao rival que também deveriam jogar no Camp Nou.

“Que vejam que também temos garra”

“Para nós era um sonho há apenas algumas semanas e agora já é realidade”, declarou Marta Corredera, autora do primeiro gol do Atlético, no primeiro tempo, visivelmente emocionada depois de estrear no Calderón com vitória. “Que isto sirva para que todo mundo veja que nós também temos garra, embora muita gente pense o contrário”, argumentou. “Apesar da derrota, pensando no futebol feminino saio emocionada pelo que está mudando aqui. Acabo de chegar e não esperava que as coisas estivessem evoluindo a passos gigantes”, afirmou Vicky Losada, que há um mês voltou ao Barcelona, depois de sua experiência no Arsenal.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_