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Desemprego nos EUA cai para 4,6%, taxa mais baixa em nove anos

Consistência do ritmo de contratações dá sinal verde ao Federal Reserve para elevar taxas de juros

Máquinas da companhia de equipamento Caterpillar
Máquinas da companhia de equipamento CaterpillarJUSTIN SULLIVAN (AFP)

O mercado de trabalho nos Estados Unidos registrou em novembro um total de 178.000 novos empregados, quantidade próxima da média obtida mensalmente neste ano. Trata-se de um ritmo que reforça o cenário de que necessita o Federal Reserve (banco central norte-americano) e que possibilitou, em parte, uma redução para 4,6% da taxa de desemprego, nível que não se registrava desde agosto de 2007. Mas essa queda também pode ser explicada por uma contração da população economicamente ativa. A consistência do indicador, de todo modo, oferece um sinal verde para o aumento da taxa de juros, que pode ser definido em duas semanas.

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O número de contratações em novembro supera os 142.000 de outubro, total revisado para baixo em relação a um primeiro levantamento. O dado de setembro, porém, acabou subindo para 208.000 empregos criados. A taxa de desemprego caiu três décimos e atingiu o nível anterior à Grande Recessão, quando a economia gozava de uma situação de pleno emprego.

A taxa de desemprego vinha se mantendo em torno de 5% desde meados de 2015, razão pela qual a queda atual causou surpresa, pois a expectativa era de que o nível seria mantido. A presidenta da Fed, Janet Yellen, já havia antecipado em sua última apresentação diante do Congresso que o mercado de trabalho ainda tinha uma margem para melhorar e afirmara que a economia estava preparada para suportar uma alta dos juros.

A queda do desemprego, porém, é explicada também porque houve 226.000 pessoas que se retiraram do mercado de trabalho. Existem, hoje, 7,4 milhões de desempregados nos EUA, número que não mudou muito no último ano. Desse total, um quarto está há mais de seis meses sem trabalhar. O índice de participação no trabalho, que é de 62,7%, e o emprego em tempo parcial também não se alteraram.

Há um aspecto do mercado de trabalho que os economistas procuram entender em seu efeito para a estratégia do Fed. Trata-se do trabalho juvenil. Muitos jovens optam por continuar estudando porque não encontram um emprego remunerado adequadamente. Calcula-se que há dois milhões de pessoas que poderiam voltar a buscar um posto de trabalho de forma ativa.

Essa seria uma fonte de geração de empregos a partir de agora. Eles também poderiam vir de desempregados mais antigos, que são outros dois milhões, ou dos adultos que continuam afastados do mercado de trabalho, que somam meio milhão de pessoas. Se esses três grupos começarem a participar mais do mercado de trabalho em decorrência de as empresas lhes oferecerem melhores condições, isso possibilitaria manter o ritmo de criação de empregos durante um ou dois anos.

Mas essa nova dinâmica poderia levar a Fed a ir retirando com mais rapidez o coquetel de estímulos monetários, pois se criaria uma nova dinâmica que poderia elevar os preços. O plano econômico de Donald Trump também é inflacionista. Por isso, mais do que a decisão de aumentar os juros, o importante, na reunião da Fed nos próximos dias 13 e 14 é saber como o banco central norte-americano está vendo as coisas para 2017 e 2018.

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