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Amy Sherman-Palladino: “As Gilmore Girls estariam arrancando os cabelos pela vitória de Trump”

A criadora da série não descarta a produção de mais capítulos

Natalia Marcos
Amy Sherman-Palladino, com Lauren Graham e Alexis Bledel, protagonistas de “Gilmore Girls”
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As Gilmore Girls estão de novo na moda. Nove anos após o fim da sua sétima temporada, a Netflix voltou a dar vida a Stars Hollow, lar de Lorelai, Rory e um monte de personagens pitorescos. As 4 estações de Gilmore Girls chegam para fazer justiça a Amy Sherman-Palladino, criadora da ficção, e a Daniel Palladino, seu marido e também produtor e roteirista da série. Os dois abandonaram Gilmore Girls no final da sexta temporada, sem poder dar o final que queriam. No entanto, os quatro novos capítulos não ignoram aquela última temporada, conta Amy Sherman-Palladino em entrevista por telefone da qual participou o EL PAÍS. “A última temporada aconteceu e foi parte da viagem da série. É onde chegaram e de onde começamos. Tivemos a sorte que deixaram a série em um lugar que fez nossa viagem incrivelmente simples”, acrescenta a roteirista.

Sherman-Palladino diz que não tinham a intenção de continuar a série. Pelo menos, ainda não. “Até que a Netflix apareceu conquistando o mundo e pensamos que talvez poderia ter uma nova vida. Pareceu que havia passado tempo suficiente para que o público estivesse interessado em saber o que tinha acontecido na vida dessas pessoas”, diz a criadora da série. “Sentimos que havia muitos fãs novos. Revisitá-la não era apenas questão de nostalgia, mas uma maneira de comprovar onde estavam os personagens agora”, acrescenta Daniel Palladino.

Trabalhar para uma plataforma online como a Netflix tem vantagens e desvantagens, pelo menos para este casal de roteiristas. “A forma de trabalhar é muito mais livre, o que para um roteirista é ótimo. Você não tem que se preocupar com o departamento de Marketing, que em uma rede tradicional é muito importante. Você tem todos esses anúncios e precisa pensar onde vai interromper a história seis vezes para que possam vender absroventes”, diz Amy Sherman-Palladino. “Aqui você pode apenas contar a história”.

No entanto, ela foi a defensora de lançar de um capítulo a cada semana, contra o costume da Netflix de disponibilizar aos usuários toda a entrega no mesmo dia. “Aqui a avó [referindo-se a si mesma] queria que a Netflix lançasse os capítulos separadamente. Por diferentes motivos, mas principalmente porque nessa época em que ninguém pode sair pela porta sem que as pessoas saibam que não estão vestindo roupas íntimas, eu não queria que as pessoas fossem direto ao último capítulo e ferrassem outros fãs. Acreditamos que não é suficiente ir ao final e falar: Ah, é isso que acontece! Você deve percorrer a mesma viagem que as garotas”, argumenta a roteirista. A Netflix ouviu sua proposta e prometeu levá-la em consideração, mas a decisão foi de manter a sua tradição de disponibilizar todos os capítulos ao mesmo tempo. “Netflix conhece seu negócio melhor do que ninguém e respeitamos isso”.

O formato em que a série voltou não é o habitual. Para o renascimento de Gilmore Girls escolheram quatro capítulos de 90 minutos cada um, um por estação do ano. Por quê? “Estamos apaixonados pela série Sherlock, que é brilhante. O formato é ótimo: mais de uma hora, mas menos de duas. Cada episódio é visto como algo especial. É possível contar histórias, com tempo e espaço para isso. Pensamos que era uma oportunidade para ver todo um ano das garotas”, conta Sherman-Palladino. Além disso, esta decisão dava a opção de visitar Stars Hollow no verão, algo que não tinha acontecido antes. “Sempre começávamos a transmitir no outono e as redes costumavam ditar que a série devia mostrar ao público a época em que eles estavam, algo que nunca entendi”, acrescenta.

Sherman-Palladino aproveita esta entrevista para pedir desculpas ao mundo pelos resultados das recentes eleições nos Estados Unidos. “Neste momento, nossas garotas estariam escondidas em um canto arrancando os cabelos se fossem pessoas reais reagindo a este acontecimento ridículo nos Estados Unidos”, diz a roteirista. “É estranho que os novos capítulos apareçam em um momento em que a política mudou tanto. De Obama a este fantoche de programa de televisão que vai para a Casa Branca, o futuro é muito incerto, e se a série continuasse no ar, certamente isso afetaria as garotas”.

Embora estes quatro capítulos terminem com as quatro palavras que sua criadora tinha em mente para o fim da série, agora não descarta que possa continuar. “Aqui estão as histórias que queríamos contar nesse momento e estamos felizes em deixá-la assim. Precisamos soltá-las, deixá-las aí fora no universo... Mas quem sabe...”.

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