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Apesar de crise, novo Conselhão elogia o Governo

Configuração do órgão reúne entidades e empresas privadas que apoiaram o impeachment

Temer e o ministro Meirelles, na reunião do Conselhão.
Temer e o ministro Meirelles, na reunião do Conselhão.UESLEI MARCELINO (REUTERS)

Mesmo com um clima tenso por causa das denúncias contra o ministro Geddel Vieira Lima (agora investigado pela Comissão de Ética da Presidência), a primeira reunião Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social foi marcada por manifestações de apoio ao governo Michel Temer (PMDB) e poucas críticas. “Vejo o Brasil no eixo correto”, afirmou o presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setúbal.

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A principal das críticas foi uma queixa apresentada pelo publicitário Nizan Guanaes sobre a dificuldade da gestão federal em se comunicar. É comum ver ministros se desdizendo ou discussões sobre propostas governamentais que não foram tão bem explicadas ou debatidas com a sociedade, o principal exemplo foi a reforma educacional.

Guanaes sugeriu ainda que o governo aproveite sua impopularidade – tem menos de 15% de aprovação, para apresentar medidas amargas para a sociedade. “Popularidade é uma jaula. O senhor tem que puxar isso para o senhor e falar à nação”, afirmou o publicitário ao presidente.

A economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Laitif, afirmou que o quadro econômico ainda é extremamente frágil e cobrou que cada um dos conselheiros, representantes de vários setores deem sua contribuição ao país. “Se todos nós formos defender interesses particulares, o Brasil não vai se resolver, independentemente do Governo”, declarou.

O ex-governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigoto (PMDB), elogiou as propostas de reformas que serão apresentadas pela gestão Temer no Congresso e disse que elas terão de chegar uma a uma, para serem amplamente discutidas pelos legisladores. O empresário Abílio Diniz, ex-dono do grupo Pão de Açúcar, disse que o Governo tem de jogar duro, inclusive com os Estados que estão em crise econômica. Já o presidente da Central dos Sindicatos Brasileiros (CSB), Antonio Neto, agradeceu pela reformulação do Conselhão e disse que ela acaba com os ranços entre patrões e empregados.

Criado em 2003 pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o Conselhão foi abandonado na segunda gestão Dilma Rousseff (PT). Recriado agora pelo governo Temer, ele reúne 96 representantes da sociedade civil, sendo que 59 deles são debutantes no órgão. Representam instituições financeiras, artistas, ONGs, organizações privadas, empresas multinacionais, além de sindicatos patronais e laborais.

Entre seus novos conselheiros estão apoiadores do PSDB nas eleições de 2014, como o presidente da ONG Afroreggae, José Júnior, o treinador da seleção brasileira de vôlei, Bernardo Rezende, e o ator Milton Gonçalves, além de figuras que demonstraram apoio à queda de Rousseff, como o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, e empresário Abílio Diniz (que já apoiou as gestões petistas).

Em sua intervenção no evento de abertura do Conselhão, o presidente Temer criticou sua antecessora. Disse que o governo dela, do qual participou por quase seis anos, teve um déficit de verdade. “No Brasil que nós encontramos, pensamos nós, não havia apenas um déficit fiscal, havia também - e lamento dizê-lo - também um certo déficit de verdade”, afirmou. O peemedebista também afirmou que o crescimento econômico só ocorrerá com o fim do ilusionismo. “Nós só faremos o Brasil crescer substituindo o ilusionismo, pela lucidez”.

Um dos pedidos que fez aos conselheiros foi para que eles o ajudassem na divulgação de sua gestão. “Peço que os senhores e as senhoras possam divulgar ao máximo, já está sendo divulgado, naturalmente hoje, a reunião que estamos fazendo. Mas aqui é preciso uma certa ladainha, é preciso repetir, você repete uma vez, duas vezes, três vezes, quatro vezes, é como se faz nas missas, toda missa é igual porque você repete os conceitos. Isto vai entrando no corpo, no espírito e na alma”. O próximo encontro do conselho ocorrerá em março de 2017.

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