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Obama e os cinco principais países da UE pedem que se mantenha o apoio à OTAN

Líderes da Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha acordam prolongar as sanções à Rússia

Luis Doncel
O presidente dos EUA, Barack Obama, antes de deixar Berlim rumo a Lima.
O presidente dos EUA, Barack Obama, antes de deixar Berlim rumo a Lima.CLEMENS BILAN (AFP)
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O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, deixou Berlim nesta sexta-feira com um decidido "sim" dos principais líderes europeus a respeito da manutenção da cooperação em organismos-chave durante os últimos 70 anos, como a OTAN. O mandatário poderá transmitir a mensagem dos chefes de Governo de Alemanha, França, Reino Unido, Itália e Espanha ao seu sucessor, Donald Trump, ainda um desconhecido nas chancelarias europeias.

A visita de Obama a Berlim terminou com uma reunião a seis que serviu como retorno ao cenário internacional do espanhol Mariano Rajoy, depois de um ano ausente por conta da paralisia política do país. Junto com a britânica Theresa May, o francês François Hollande e o italiano Matteo Renzi, todos concordaram sobre a necessidade de manter as sanções à Rússia por ter descumprido acordos em relação à Ucrânia.

Diante dos jornalistas e ao lado de Rajoy, Merkel disse que os líderes não tinham discutido a possibilidade de impor novas sanções à Rússia por seu papel na guerra da Síria. “Acordamos manter a pressão sobre a Rússia, incluindo a possibilidade de impor sanções contra aqueles que violem os direitos humanos”, acrescentou May, a primeira-ministra britânica.

A chanceler alemã, Angela Merkel, recebe a primeira-ministra britânica, Theresa May.
A chanceler alemã, Angela Merkel, recebe a primeira-ministra britânica, Theresa May.Florian Gaertner (Photothek via Getty Images)

As conversações dos seis giraram em torno da necessidade de “trabalhar em conjunto para fazer avançar a agenda transatlântica” e “garantir uma solução diplomática” para o conflito na Síria e no leste da Ucrânia, de acordo com um comunicado da Casa Branca. Durante a campanha eleitoral, Trump sugeriu que, se fosse presidente, poderia não se sentir obrigado a defender os países da OTAN em caso de ataque estrangeiro, princípio em que a organização se baseia.

Em ambos os conflitos, os avanços passam inevitavelmente pela colaboração do presidente russo, Vladimir Putin. Nas chancelarias europeias se teme que Putin aproveite o vazio de poder por conta da transição política nos EUA e a inexperiência de Trump para avançar posições tanto na Ucrânia quanto na Síria. Na quinta-feira, Obama havia dito ao seu sucessor para se manter firme em relação a Putin caso este dê passos para se distanciar dos valores comuns e das normas internacionais.

O futuro de Merkel

A última viagem de Obama à Europa como presidente também serviu para dar apoio político a Merkel, que deve anunciar no domingo seus planos futuros. A líder alemã convocou uma entrevista coletiva que acontecerá no fim de uma cerimônia da União Democrata-Cristã (CDU), o partido que preside há 16 anos.

Tudo aponta para que ela anuncie sua disposição de ser candidata às eleições que devem acontecer dentro de 10 meses. Às contínuas perguntas sobre o assunto nos últimos meses, ela e seus porta-vozes deram várias vezes a mesma resposta: “Anunciará sua decisão no momento adequado”. Quando revelar seus planos no domingo, poderá alardear o apoio de Obama, que na quinta-feira chegou a dizer que, se fosse alemão, votaria nela.

SCHÄUBLE EVOCA OS NAZISTAS DIANTE DO POPULISMO

Wolfgang Schäuble, o mais poderoso ministro alemão, recorreu ao nacional-socialismo, episódio mais sinistro na história alemã, para explicar sua rejeição aos populismos, encarnados em seu país no partido anti-imigração AfD. “Já tivemos o suficiente. Não precisamos disso novamente. Não devemos tomar as minorias como bodes expiatórios para os problemas que não conseguimos resolver. Quem começar assim acabará onde a Alemanha esteve uma vez”, disse o ministro das Finanças, conforme registrado pela Bloomberg.

Schäuble já causou um pequeno escândalo há dois anos ao comparar a ocupação nazista dos Sudetos com a anexação da Criméia pela Rússia. Na ocasião, disse que os argumentos do presidente Vladimir Putin para arrancar a península da Ucrânia lembravam aqueles usados por Adolf Hitler em 1938. “Disseram que deviam proteger a população alemã da região”, disse Schäuble. Todo o arco parlamentar alemão criticou o ministro por essa comparação.

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