_
_
_
_
_

Vários incidentes elevam o medo do aumento do racismo com Trump presidente

“Nossa gente teve um papel enorme na eleição”, diz ex-líder da Ku Klux Klan David Duke

Manifestantes anti-Trump na Quinta Avenida de Nova York, nesta quarta-feira.
Manifestantes anti-Trump na Quinta Avenida de Nova York, nesta quarta-feira.SPENCER PLATT (AFP)
Mais informações
A complexa fratura racial
A ferida racial persiste na reta final da presidência de Obama
Cronologia (e vídeos) de mortes racistas nos EUA
Fortes distúrbios em Charlotte depois de policial matar mais um negro

Os primeiros dias de Donald Trump como presidente eleito avivaram o medo de um aumento dos ataques de ódio nos Estados Unidos. Como candidato republicano, Trump deu sinais alentadores para grupos supremacistas brancos. Várias personalidades com vínculos xenófobos atribuíram a si próprias a vitória do magnata. E desde terça-feira se registram incidentes discriminatórios. Crescem as vozes que pedem a Trump que censure publicamente qualquer ofensa.

Em Filadélfia, uma fachada foi pintada com “Sieg Heil 2016”, uma proclamação nazista, e o nome de Trump ao lado de uma suástica. Na Universidade de Nova York, alguém escreveu “Trump" na porta de uma sala de culto para muçulmanos. Em uma escola de Minnesota, que acolhe a maior comunidade somali do país, pintaram “Voltem para a África” ao lado do lema eleitoral do republicano “Faça a América grande de novo”. Houve outros casos semelhantes no país.

“Nossa gente teve um papel enorme na eleição de Trump”, escreveu no Twitter David Duke, ex-líder da Ku Klux Klan, que disse que a vitória era um dos momentos “mais emocionantes” de sua vida. Em uma entrevista ao EL PAÍS há um mês, Duke se gabou de ser um precursor de Trump e se definiu como “a figura mais reconhecida da preservação das pessoas brancas no mundo”.

Durante a campanha, Trump encorajou, implícita e explicitamente, as divisões raciais e religiosas e atacou a linguagem politicamente correta. No discurso em que anunciou sua candidatura, em junho de 2015, chamou de "estupradores” os imigrantes sem documentos legais no país procedentes do México. Prometeu deportar os 11 milhões de pessoas sem documento que se calcula haver nos EUA e proibir, por razões de segurança, a entrada no país de estrangeiros muçulmanos. No fim de semana passado, justificou seu veto a refugiados sírios sob o argumento de que “levará gerações de terrorismo, extremismo e radicalismo” às escolas e comunidades norte-americanas.

“Nossa gente teve um papel enorme na eleição de Trump”, escreveu no Twitter David Duke, ex-líder da Ku Klux Klan

O candidato Trump também sugeriu que uma juíza estava incapacitada por ser de origem hispânica. E equiparou as comunidades negras nos subúrbios de grandes cidades a zonas de guerra no Oriente Médio. Depois da chegada de Barack Obama à Casa Branca em 2009, o multimilionário nova-iorquino defendeu o movimento que questionava se o primeiro presidente negro dos EUA, cujo segundo nome é Hussein, tinha nascido no país.

No início de sua campanha, Trump evitou rejeitar o apoio de Duke, embora o tenha feito posteriormente; reenviou pelo Twitter mensagens de supremacistas brancos e encarregou de sua campanha Stephen Bannon, responsável pelo Breitbart News, uma referência midiática para a direita radical. O presidente do Partido Nazista norte-americano disse que uma vitória de Trump seria “uma oportunidade real” para os nacionalistas brancos.

Os ataques islamofóbicos estão há meses em ascensão nos EUA, em paralelo com a crescente ameaça jihadista e a retórica agressiva de Trump; O Southern Poverty Law Center, a principal instituição que monitora os ataques de ódio, advertiu em abril, em um relatório intitulado O Efeito Trump, que a campanha estava propiciando um “alarmante nível de medo e ansiedade entre crianças de cor” e “inflamando tensões raciais e étnicas” nas escolas. “Muitos estudantes temem ser deportados”, dizia.

Depois de sua vitória, Trump adotou um tom mais conciliador. Em seu primeiro discurso, prometeu ser “o presidente de todos os norte-americanos” e pediu ajuda aos cidadãos que não votaram nele, disse, para “trabalharem juntos e unificar nosso grande país”. A incógnita é se se trata de uma trégua temporária ou definitiva em sua dialética eleitoral incendiária.

O magnata coloca filhos e genro na equipe de transição

A equipe de campanha de Donald Trump anunciou na sexta-feira que o futuro vice-presidente, Mike Pence, será também o responsável pela equipe de transição na Casa Branca. Pence substitui Chris Christie, governador de Nova Jersey, que permanecerá como assessor. Também integram a equipe os três filhos do primeiro casamento de Trump e seu genro.

A imagem de Christie ficou obscurecida nas últimas semanas depois da sentença proferida contra dois assessores dele por manipularem as normas de trânsito para provocar, com fins políticos, um engarrafamento na ponte que une Nova Jersey a Nova York. O vice-presidente Pence se perfila também como a ligação do presidente eleito com o Congresso.

Mais informações

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_