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Pesadelo de José Serra, eleição de Trump não muda nada para Temer

Governo brasileiro tenta passar sinal de normalidade na eleição do conservador presidente americano

O presidente eleito dos EUA, Donald Trump.
O presidente eleito dos EUA, Donald Trump.ANDREW KELLY (REUTERS)

Entre as principais autoridades do Governo Michel Temer a eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos é vista ou como um pesadelo ou com indiferença. Ao menos esses são os discursos oficiais. Na área comercial, no entanto, não haverá influências negativas. Os EUA são o segundo maior parceiros comercial do Brasil, depois da China. O presidente brasileiro disse em seu Twitter e em uma entrevista nesta quarta-feira à rádio Itatiaia que a relação entre os dois países é institucional. E, por isso, nada mudaria entre eles. “Tenho certeza que não muda nada na relação Brasil e EUA”, afirmou Temer em sua conta no microblog. Em outra mensagem, ele afirmou ainda que “o novo presidente que assume terá de levar em conta as aspirações de todo o povo americano”. Estava previsto ainda que Temer telefonasse para o presidente eleito para parabenizá-lo. De todas as formas, o mandatário brasileiro já enviou uma carta a Trump felicitando o magnata pela eleição. "Estou certo de que trabalharemos, juntos, para estreitar ainda mais os laços de amizade e cooperação que unem nossos povos", disse no documento.

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No ministério das Relações Exteriores, o chanceler José Serra ainda não se manifestou sobre a vitória de Trump. Ele já havia expressado que a escolha do republicano para comandar a principal potência econômica e militar do mundo seria um pesadelo. “Eu considero a hipótese do Trump um pesadelo. Pesadelos, às vezes, se materializam? Se materializam, mas eu prefiro não pensar nisso, fazer o jogo do contente. Eu, nos EUA, sempre torci pelos democratas, no atacado. Não que os republicanos tenham sido sempre desastrados, mas sempre fui democrata lá, contudo, agora não se trata nem de ser democrata, trata-se de ser sensato, de querer o bem do mundo. Todos que querem o bem do mundo devem apoiar a Hillary [Clinton], a meu ver”. A fala foi feita em entrevista ao jornal Correio Braziliense, em julho passado.

O chefe da Casa Civil e um dos principais conselheiros de Temer, Eliseu Padilha, não quis detalhar como serão as relações entre os dois países e se o protecionismo defendido por Trump prejudicaria o Brasil. Em entrevista após participar de um evento do seu partido, o PMDB, Padilha disse que não se surpreendeu com a eleição do republicano e que ela foi o “retrato de um novo tempo no processo político”, assim como fora o apoio dos britânicos à saída do Reino Unido da União europeia. “Eu não vejo grande surpresas. Estamos convivendo e teremos de aprender a conviver com novos tempos na política”.

Padilha afirmou ainda que não é certo que todas as promessas de Trump serão cumpridas. “Nós vimos pelas últimas administrações que a presidência da República nos Estados Unidos nem sempre consegue dar todo o rumo que gostaria. Vide as iniciativas do presidente [Barack] Obama, muito bem avaliado, mas que ele não conseguiu implantar”. Em sua campanha o republicano prometeu que construiria um muro para dividir os Estados Unidos do México e que proibiria a entrada de muçulmanos em seu país. Em seu discurso de vitória, no entanto, assumiu um tom ponderado, dizendo que campanha é campanha e agora, na presidência, é outra coisa. “Quero dizer à comunidade internacional que colocaremos os interesses da América em primeiro lugar, mas negociaremos com justiça”, destacou, em referência aos tratados comerciais internacionais.

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