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Democratas acusam FBI de violar a lei ao revelar investigação sobre Clinton

Polícia federal dos EUA já tem um mandado de buscas para analisar novos emails da candidata

Harry Reid, em um ato de campanha.
Harry Reid, em um ato de campanha.L.E. Baskow (AP)

O líder democrata do Senado dos Estados Unidos, Harry Reid, disse que o diretor do FBI, James Comey, pode ter violado a lei ao revelar uma nova investigação sobre os e-mails de Hillary Clinton, supostamente com a intenção de beneficiar o candidato republicano Donald Trump, a poucos dias da eleição presidencial norte-americana. Reid acusa Comey de adotar critérios ambíguos com os candidatos, sugere que ele oculta informações relevantes sobre Trump e argumenta que o FBI pode ter violado a Lei Hatch, que proíbe esse órgão de utilizar sua autoridade para influenciar processos eleitorais.

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O FBI já tem em seu poder um mandado de busca que lhe permitirá analisar mensagens de Huma Abedin, amiga e assessora de Clinton. Os e-mails investigados, recebidos do servidor privado que Clinton manteve em sua casa, foram localizados no computador pessoal do ex-marido de Abedin, o ex-deputado democrata Anthony Weiner. A polícia federal dos EUA tenta agora descobrir se essas mensagens contêm informações confidenciais ou secretas da época em que Clinton foi secretária de Estado (2009-2013).

“Escrevo para lhe informar que meu gabinete chegou à conclusão de que estas ações poderiam significar uma violação da Lei Hatch, que proíbe o FBI de usar sua autoridade para influenciar eleições", escreve o líder da minoria no Senado, acrescentando que a revelação pode ser considerada parte das “ações partidárias” com vistas à eleição presidencial, que acontece na terça-feira da semana que vem.

“Em minhas comunicações com vossa excelência e com outros altos funcionários de segurança nacional, ficou claro que vossa excelência possui informação explosiva sobre os estreitos laços e a coordenação entre Donald Trump, seus altos assessores e o Governo russo”, prossegue a carta do veterano senador. “Suas ações dos últimos meses demonstraram uma perturbadora ambiguidade quanto ao tratamento de informações sensíveis, aparentemente com uma clara intenção de ajudar um partido político”, acrescenta.

Nesse sentido, Reid reitera que os cidadãos norte-americanos têm direito de conhecer essa informação, cuja publicação não acarreta nenhum risco, algo que solicitou a Comey meses atrás. Entretanto, compara o senador, “quando vossa excelência recebeu uma mínima insinuação relacionada com a secretária Clinton, [os funcionários do FBI] se apressaram em divulgá-lo da maneira mais negativa possível”.

John Podesta, chefe da campanha eleitoral de Clinton, também questionou o comportamento de Comey. “Deveria ter dado o primeiro passo de olhá-los [os emails] antes de fazer o que fez no meio de uma campanha presidencial, tão perto da votação”, disse, segundo relato do canal CNN. A própria Clinton pediu a Comey que divulgue todos os dados sobre a nova investigação e qualificou seu comportamento de “profundamente preocupante”.

Comey publicou nesta sexta-feira uma notificação enviada a oito presidentes de comissões do Congresso informando que sua agência está analisando novos documentos, relacionados com outro caso, mas que poderiam estar vinculados à investigação que ele mesmo havia dado por encerrada sobre o uso de um servidor privado por parte de Clinton quando ela era secretária de Estado.

O movimento foi inesperado, já que ele mesmo, em julho passado, recomendou não apresentar acusações contra a aspirante democrata, e sua nova decisão, a poucos dias da votação, gerou polêmica.

A campanha de Clinton, por sua vez, reiterou ao diretor do FBI o pedido para que coloque todos os dados sobre a mesa para evitar rumores e especulações, mas Comey não entregou nenhum detalhe adicional desde sexta-feira. Desde então, a candidata democrata viu sua vantagem sobre Trump diminuir nas pesquisas.

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