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Michelle Obama, a aliada perfeita

Seu marido e ela sempre trabalharam em equipe, como Hillary gostaria de ter feito com Bill

Michelle e Barack Obama na limusina presidencial durante o desfile inaugural de 2013.
Michelle e Barack Obama na limusina presidencial durante o desfile inaugural de 2013.Pete Souza (White House)

Em meados dos anos sessenta do século passado, tive a sorte de passar um ano em Chicago. Meu marido, Harold Solomon, foi convidado como professor da Faculdade de Direito da Universidade de Chicago e ali pude experimentar em primeira pessoa um mundo completamente diferente do de Nova York.

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Naquela mesma época nasceu em Chicago Michelle Obama, em 1964. Ela cresceu no South Side, a parte sul da cidade, uma região que cresceu rapidamente com a chamada Grande Migração, ou seja, a chegada em massa da população negra que deixou as regiões agrárias do sul do país em busca de novas oportunidades no norte industrial. Minhas duas filhas foram ao Chicago Lab School, o mesmo colégio que muitos anos depois teriam como alunas as filhas dos Obama.

Os Obama organizam sua vida em torno de suas duas filhas, Malia e Sasha. São uma família de classe média alta muito estável – que inclusive tem um rabino entre seus parentes. Michelle sofreu terríveis perdas em sua vida, como a morte de seu pai, Fraser C. Robinson, e a de sua melhor amiga, Suzanne Alele, de câncer. Tenho a sensação de que essas duas desgraças e a vida em Chicago lhe conferiram uma sensibilidade especial em relação ao futuro de suas filhas (Chicago sempre contou com alto índice de criminalidade e não é considerada uma cidade muito segura).

Michelle foi uma estudante brilhante em Princeton e depois na Faculdade de Direito de Harvard, e teve a lógica preocupação de que suas filhas sentissem a pressão de ter de estar à altura dos pais. Entre seus muitos interesses estão o trabalho que desenvolveu no Escritório de Ajuda Legal de Harvard, assessorando inquilinos de baixa renda com problemas de moradia.

No início ela expressou sua preocupação com a carreira política de seu marido, mas em 2008 demonstrou ser um ativo fundamental

No início, Michelle expressou publicamente sua preocupação com a decisão do marido de continuar sua carreira política, e como isso poderia repercutir em suas filhas mas, quando chegou o momento de sua indicação como candidato democrata, tornou-se óbvio que a esposa era um ativo fundamental para sua campanha. Depois de seu discurso na Convenção Nacional Democrata, o índice de aprovação de Michelle entre os norte-americanos chegou a 55%.

Na vida de Michelle Obama sempre houve uma mistura de atividade física, boa alimentação e boa educação que fez com que, ao chegar à Casa Branca, seu primeiro objetivo como primeira-dama fosse ajudar as crianças a comer melhor. Também ensinou os jovens a cultivar sua própria horta. Os Estados Unidos, diferentemente da Europa, teve durante muito tempo hábitos alimentares muito ruins, e ela foi uma das primeiras figuras públicas a lutar para mudá-los.

Obama abraça sua esposa depois de ganhar as eleições de 2012.
Obama abraça sua esposa depois de ganhar as eleições de 2012.Pete Souza (The White House)

Mas o mais interessante de Michelle é que seu marido, o atual presidente Barack Obama, e ela sempre trabalharam em equipe. Era o que Hillary Clinton aspirava a ter em sua época com Bill, mas nunca conseguiu totalmente. Bill gostava demais das mulheres e Hillary era ambiciosa demais.

A bela e inteligente Michelle demonstrou ser um exemplo de perfeição. No entanto, apesar de seu glamour e de seu enorme talento, na Casa Branca de Hillary não haverá muito espaço para ela. Michelle é extraordinariamente inteligente e está interessada em melhorar a situação das crianças e do mundo. Hillary, acima de tudo, acredita em seu direito a ser presidenta, um cargo que exercerá bem. Mas as duas mulheres não estarão unidas por um destino comum. Por mais que Michelle tenha contribuído para impulsionar a campanha de Hillary, sabe que não fará parte de seu círculo.

Barbara Probst-Salomon é escritora norte-americana.

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