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Após morte em escola ocupada de Curitiba, governador pressiona pelo fim do protesto

Estudante Lucas Eduardo Mota foi esfaqueado por um colega. Há cerca de 800 escolas ocupadas no Paraná

A escola Santa Felicidade, em Curitiba, onde um estudante morreu na segunda-feira.
A escola Santa Felicidade, em Curitiba, onde um estudante morreu na segunda-feira.Atila Alberti (Gazeta do Povo/Folhapress)
Marina Rossi

A escola Estadual Santa Felicidade, em Curitiba, foi desocupada na manhã desta terça-feira depois de 11 dias de ocupação. Os alunos deixaram o local após a morte do aluno Lucas Eduardo Araújo Mota, 16, na tarde de segunda-feira, dentro do colégio. Segundo a Polícia Civil do Paraná, Lucas foi assassinado a facadas por um colega dele, de 17 anos, que confessou o crime. O garoto está detido desde a segunda na Delegacia do Adolescente. Ambos estudavam no colégio recém desocupado.

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Logo após a morte do estudante, o governador do Paraná, Beto Richa (PSDB), publicou uma nota apelando para que os alunos desocupem todas as escolas do Estado, que, atualmente, são 850, segundo os organizadores, e 792 segundo o Governo. "A morte do estudante Lucas Eduardo Araújo Mota, de 16 anos, é uma tragédia chocante, que merece uma profunda reflexão de toda a sociedade", escreveu o governador. "Externo à família desse estudante a minha solidariedade neste momento tão doloroso. E renovo o meu apelo para que os pais redobrem o cuidado com seus filhos. Peço ainda, mais uma vez, que os estudantes encerrem esse movimento".

Além da escola onde o crime ocorreu, até o momento, nenhuma outra atendeu aos apelos do governador. Os estudantes estão mobilizados contra a PEC 241, que estabelece um teto de gastos, e a reforma do Ensino Médio, anunciada por Michel Temer no mês passado. "A ocupação de escolas no Paraná ultrapassou os limites do bom senso e não encontra amparo na razão, pois o diálogo sobre a reforma do ensino médio está aberto, como bem sabem todos os envolvidos nessa questão", escreveu o governador na nota publicada em sua página do Facebook. "Que não se aleguem quaisquer justificativas para a continuidade desse movimento que vem causando prejuízos à educação do Paraná".

As escolas começaram a ser ocupadas no interior do Paraná no dia 3 de outubro e o movimento foi se alastrando pelo Estado. Tomando força ao longo das semanas, as ocupações ultrapassaram as fronteiras e hoje chegam a Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, somando quase 1.000 escolas pelo país. A escola Silvio Xavier Antunes, na zona norte da capital paulista, chegou a ser ocupada na noite de segunda-feira. Mas nesta terça uma ação da Polícia Militar desmobilizou os estudantes que foram retirados e encaminhados a uma delegacia. 

Exame toxicológico

Segundo a Polícia Civil, o estudante suspeito afirmou em depoimento que ele e Lucas usaram uma droga sintética dentro da escola. Depois disso, houve um desentendimento entre eles e que durante a briga, esfaqueou o colega numa tentativa de se defender. Um exame toxicológico, para detectar a presença da suposta droga ingerida, foi realizado no corpo de Lucas e no suspeito do crime e deve ficar pronto na próxima semana.

A Polícia também afirma que após o crime, o adolescente contou que fugiu da escola, pulando a janela e o muro. Na sequência, acabou detido em sua residência, no bairro Santa Felicidade, mesmo bairro onde a escola está localizada, por agentes do serviço reservado da Polícia Militar.

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