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Editoriais
São da responsabilidade do editor e transmitem a visão do diário sobre assuntos atuais – tanto nacionais como internacionais

Fim do acampamento de Calais

França começa a desmantelar o assentamento em que viviam miseravelmente milhares de refugiados e migrantes

Imagem noturna do acampamento de Calais.
Imagem noturna do acampamento de Calais.FRANCOIS LO PRESTI/ AFP

As autoridades francesas iniciaram no domingo a derrubada do acampamento de Calais, o povoado de tendas e barracos de plástico em que 6.500 requerentes de asilo e migrantes viviam em péssimas condições à espera de rumar para o Reino Unido. O Governo francês insiste de que se trata de uma operação humanitária baseada na voluntariedade. A maioria dos refugiados se recusava a pedir asilo na França porque tinha esperança de se reunir com seus familiares no Reino Unido. O fechamento do acampamento os obriga agora a formalizar o pedido. Ao longo da semana, eles serão levados para diferentes centros de acolhida. Os cerca de 1.300 menores desacompanhados ficarão por enquanto sob a custódia do Governo francês, embora nesse caso se deva celebrar a boa vontade demonstrada pelo Governo britânico em admitir uma parte dessas crianças.

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A França não podia continuar mantendo esse lugar vergonhoso, em que milhares de pessoas viviam em condições desumanas de frio e de umidade, com apenas uma dezena de banheiros móveis e alguns pontos de água para satisfazer suas necessidades de higiene. Embora as ONGs distribuíssem roupas e alimentos, Calais tinha se tornado o símbolo da degradação moral da Europa, o paradigma de um fenômeno cada vez mais frequente: a criação de espaços sem lei, sem proteção e sem o reconhecimento dos mais mínimos direitos, não às portas da Europa, mas no próprio coração do continente. O nome com o qual fora batizado, “a selva”, reflete isso muito bem.

O primeiro acampamento montado em Calais foi desmantelado em 2002. Desde então acampamentos foram sucessivamente demolidos, o que não impediu de terem voltado a se formar. Agora é importante dar abrigo decente e ajuda a essas pessoas, mas um fenômeno migratório e uma crise humanitária como a que a Europa enfrenta exigem políticas globais baseadas na distribuição equitativa dos refugiados e no controle dos fluxos migratórios na origem.

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