_
_
_
_
_

Cauteloso, Russomano tenta evitar erros do passado para mudar destino em 2016

Candidato do PRB perdeu 9 pontos desde início da campanha mas ainda é o mais forte para seguir Doria no segundo turno

Carla Jiménez
Russomanno em campanha no bairro do Limão.
Russomanno em campanha no bairro do Limão. Zanone Fraissat (Folhapress)

O candidato Celso Russomano (PRB-SP) procurou dosar sua exposição ao longo da campanha que começou no final de agosto. Foi seletivo na hora de escolher as entrevistas que concederia, e elegeu bem as palavras que iria utilizar para expor suas ideias. No último debate, realizado pela Rede Record, neste domingo, porém, mostrou seu lado mais combativo. Logo no início do programa, ao ser provocado pela adversária Marta Suplicy se ele votaria em quem faz propaganda enganosa, (uma vez que uma empresa que estava em seu nome foi multada por esse motivo), ele rebateu: “a senhora mente e vai responder na Justiça. Quantas vezes a senhora foi brigar pelos consumidores? Aliás, quando eu estava brigando pelo direito das pessoas nos aeroportos, a senhora estava em Paris dizendo para as pessoas “relaxa e goza””, alfinetou ele, relembrando o episódio de 2009 que marcou Marta para sempre.

Mais informações
Celso Russomanno: o apresentador-candidato que todos querem frear em São Paulo
Ibope: Doria lidera, Marta e Russomanno caem em São Paulo
A periferia de São Paulo muda seu voto e rejeita o candidato do PT

Russomano estava literalmente se sentindo em casa. É na Rede Record que ele apresenta o seu programa Patrulha do Consumidor, que lhe garantiu exposição permanente, e o ajudou a chegar por cima à disputa para as eleições municipais. Começou a campanha com 31% das intenções de voto. Mas o candidato do PRB sabia que a artilharia seria pesada no caminho da campanha eleitoral. A começar pela acusação de peculato, que chegou ao Supremo, e que quase lhe custou a candidatura.

Para além dos petardos adversários – circula nas redes sociais uma lista com mais de 30 razões para não votar nele –, o candidato do PRB já mostrou que padece de ‘auto-sabotagem’. Afirmou que compraria uma briga com o Uber e deixou de responder o que pensava sobre a reforma trabalhista do Governo Temer ou sua candidatura “naufragaria”, segundo o jornal Folha de São Paulo. Ele desmentiu posteriormente ter usado essa frase. Os ataques dos adversários e as próprias escorregadas lhe custaram apoio. Perdeu 9 pontos segundo a pesquisa Ibope – passou de 33% para 24% – e segundo o Datafolha: tem agora 22% de apoio dos eleitores, contra os 31% iniciais.

Mas, ainda assim, os resultados mostram que hoje ele tem grande chance de passar para o segundo turno desta eleição, mantendo o apoio principalmente dos eleitores de menor poder aquisitivo. Eles estão confiando em sua figura de defensor dos mais fracos. “Já atendi 360.000 pessoas de graça”, gosta de repetir. No penúltimo debate na TV na sexta-feira 23, garantiu, por exemplo, que vai regularizar imóveis que estão com problemas de documentação. “Você, mãe e pai que moram em cima de uma área pública há anos e não têm documento. Sou o único que posso fazer isso por você. A cidade tem 1,2 milhão de imóveis irregulares. Sou o único que tem capacidade de resolver esse problema pois conheço a legislação profundamente”, disse o candidato olhando para as câmeras.

Propõe, ainda, soluções para as áreas mais caras a esse eleitor paulistano neste ano, da falta de lazer (“Farei o maior programa de esportes que esta cidade já viu”) a hospitais. Ao longo do debate no SBT repetiu 15 vezes a palavra “saúde”. Em seu programa de Governo, está lá. Será uma de suas principais prioridades, com um projeto de informatização que deve garantir redução de custos, segundo ele.

Com fama de pavio curto, Russomano não consegue evitar que alguns dos seus destemperos vazem na rede social. Foi o caso de uma entrevista concedida à rádio Bandeirantes na semana que passou, onde ele se irritou com um dos jornalistas que o entrevistava. Questionado por que na sociedade num bar de Brasília (onde foi sócio de Augusto Mendonça) entrou sem investir recursos, Russomano se irritou. “Você está mentindo, isso é uma mentira”, alegou alterando o tom de voz. A entrevista foi cortada para os comerciais, mas ouve-se ao fundo a voz alterada do candidato pedindo “você me respeite, me respeite”.

Na mesma sabatina foi questionado sobre o vídeo em que supostamente maltrata uma caixa de supermercado. “O vídeo foi editado propositalmente para fazer parecer que eu fui ácido com a caixa. Esse vídeo foi feito há quinze anos, e engraçado né... ninguém contestou até hoje”, defendeu-se.

Os próximos dias serão decisivos para saber se Russomano vai mudar seu destino este ano chegando ao segundo turno, ou se derrete de véspera, como aconteceu na eleição passada. Em 2012, deu um tiro no pé ao afirmar que os usuários de bilhete único que moravam mais longe pagariam mais pelo transporte. Seus adversários mais fortes (João Doria e Marta Suplicy) desejam efetivamente que seja ele o oponente no segundo turno, por acreditar que seria mais fácil vencê-lo. Mas, junto ao eleitorado, se beneficia pelo fato de nunca ter tido um cargo executivo.

Arquivado Em

Recomendaciones EL PAÍS
Recomendaciones EL PAÍS
_
_