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Com pneumonia, Hillary Clinton passa mal e deixa eventos do 11 de Setembro

Candidata democrata cancela viagem desta segunda-feira à Califórnia Diagnóstico alimenta ataques da campanha de Trump sobre a saúde da rival

A candidata Hillary Clinton deixa a cerimônia do 11 de Setembro em Nova York.Vídeo: ANDREW HARNIK (AP) / EL PAÍS VÍDEO
Amanda Mars

A candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, recebeu na sexta-feira passada um diagnóstico de pneumonia, o qual veio a público neste domingo, quando, indisposta, ela precisou sair às pressas de uma cerimônia em memória dos atentados de 11 de setembro de 2001 em Nova York. Sua campanha inicialmente atribuiu o fato ao “excesso de calor”, mas sua médica, Lisa Bardack, revelou mais tarde que ela ficou desidratada e está com pneumonia. Depois do percalço na comemoração, ela foi novamente examinada na casa da sua filha, em Nova York. À noite, anunciou o cancelamento de uma viagem à Califórnia marcada para esta segunda.

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O episódio alimenta a mais recente linha de ataques do adversário republicano dela, Donald Trump, que consiste em semear dúvidas sobre a saúde da ex-secretária de Estado. A notícia é combustível para quem acusa Clinton de não ser transparente, já que só revelou a doença ao se ver forçada pelos acontecimentos. Por outro lado, a divulgação contém especulações mais graves sobre sua saúde, que circulam em alguns sites da direita mais avessa a Clinton.

O evento, do qual participava também o próprio Trump, além dos três últimos prefeitos de Nova York e outras autoridades, começou por volta de 8h30 (hora local), poucos minutos antes do momento exato em que, 15 anos antes, um primeiro avião comercial sequestrado por militantes da Al Qaeda se chocou contra uma das torres gêmeas do World Trade Center. Após cerca de uma hora e meia de cerimônia, Clinton deixou o local, desidratada e sentindo-se indisposta. Num vídeo divulgado no Twitter e por vários meios de comunicação, a candidata é vista subindo cambaleante numa caminhonete.

De lá se dirigiu ao apartamento da sua filha, Chelsea, na cidade, para se recompor. Após algum tempo, saiu sorridente e dizendo estar bem. Depois, a candidata se refugiou em sua casa na localidade de Chappaqua, no norte do Estado de Nova York.

Clinton na cerimônia do 11 de Setembro, ao lado do prefeito de Nova York.
Clinton na cerimônia do 11 de Setembro, ao lado do prefeito de Nova York.Andrew Harnik (AP)

Em nota, a médica Bardack afirma que a ex-secretária de Estado tem sofrido “tosse causada por alergias”. “Na sexta-feira passada, com o prosseguimento dessa tosse, foi diagnosticada uma pneumonia. Antibióticos foram administrados, e aconselhou-se repouso e uma mudança da agenda. No ato desta manhã, ela se acalorou e desidratou. Acabo de examiná-la, e agora está reidratada e se recuperando adequadamente”, disse. A agenda da candidata nos próximos dias – exceto pelo cancelamento dos eventos na Califórnia – fica pendente de confirmação.

A saúde de Clinton, de 68 anos, também virou assunto da campanha para a eleição presidencial de 8 de novembro. Nos últimos meses, partidários de Trump difundiram rumores – amparados em prontuários falsos – de que a candidata democrata estaria em más condições físicas. Em 2012, ela precisou ser tratada por um coágulo decorrente de uma queda que sofreu ao desmaiar.

A boataria e a batalha eleitoral fizeram com que um ataque de tosse de Clinton durante um ato público há alguns dias se transformasse num material incendiário contra a campanha. Neste clima, a notícia de uma pneumonia pode ser explosiva.

Em agosto, Trump a acusou de não ter “resistência mental nem física” para enfrentar a ameaça terrorista do Estado Islâmico (EI). Além disso, desafiou-a a divulgar publicamente seu prontuário médico completo: “Acredito que ambos os candidatos, tanto a desonesta Clinton como eu, deveríamos divulgar nossos prontuários médicos. Eu não tenho problemas com isso. Você tem, Hillary?”, disse ele no Twitter.

Clinton e sua filha saem do apartamento dela em Nova York.
Clinton e sua filha saem do apartamento dela em Nova York.Andrew Harnik (AP)

O empresário, porém, não divulgou um prontuário completo, apenas uma breve nota declarando que estar bem de saúde. No caso de do Clinton, em 2015 ela apresentou um relatório médico que afirmava que os danos do desmaio de 2012 estavam superados e que ela gozava de boa saúde para disputar a presidência. Recentemente, confrontando os rumores, sua médica declarou em outra nota que Clinton está em “excelente condição física para servir como presidenta dos Estados Unidos”.

A saúde dos aspirantes a governar o país mais poderoso do mundo é um assunto de interesse público. E os rumores e ataques destes meses têm, como pano de fundo, a idade dos atuais candidatos: Trump e Clinton têm 70 e 68 anos, respectivamente. Isso leva os americanos a precisarem “saber mais” sobre a saúde de ambos, nas palavras de David L. Schneider, professor de Medicina da Universidade de Illinois. Em um artigo publicado há dois dias no The Washington Post, ele recordava que Trump, se eleito, seria o presidente mais idoso ao assumir o cargo, e Clinton seria a segunda mais velha, atrás apenas de Ronald Reagan. “Nessa idade, começam a acontecer coisas”, dizia Schneider.

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