Coreia do Norte realiza o ensaio nuclear de maior potência de sua história
Quinto teste do regime de Kim Jong-un causou um tremor de 5,3 graus
A Coreia do Norte voltou a desafiar a comunidade internacional com um quinto teste nuclear, o segundo desse ano. A explosão, que provocou um terremoto de magnitude 5,3, foi “um sucesso”, de acordo com informações da televisão estatal norte-coreana. O ensaio é o de maior potência realizado até então por um país asiático, estima a Coreia do Sul, que já pediu novas medidas de pressão contra o regime de Kim Jong-un. A China e os Estados Unidos condenaram veementemente o teste nuclear.
O ensaio foi realizado às 9h30 de sexta-feira no horário sul-coreano (21h30 de quinta-feira de Brasília) próximo à base de Punggye-ri, no noroeste do país, no mesmo local em que foram feitos os outros quatro. Os serviços sismológicos dos países vizinhos detectaram um tremor “artificial” muito próximo à superfície atribuído rapidamente a um novo teste atômico por conta de suas semelhanças com episódios anteriores. Horas depois, a imprensa norte-coreana confirmou a notícia.
“Nossos cientistas nucleares realizaram um teste de explosão nuclear em uma ogiva de novo desenvolvimento nas instalações do norte do país”, afirmou a apresentadora da televisão estatal. O ensaio, de acordo com o relato, não provocou nenhum vazamento de material radioativo e não provocou nenhum impacto ambiental. O Ministério do Meio Ambiente chinês está medindo os níveis de radiação ao longo de sua fronteira com a Coreia do Norte, informou a televisão estatal CCTV.
O Ministério da Defesa sul-coreano estimou que a explosão teve uma potência de dez quilotons. Se for confirmado, esse teste atômico pode se transformar no maior realizado até hoje por Pyongyang. Em comparação, a energia liberada pelas bombas de Hiroshima e Nagasaki foi de 15 e 20 quilotons, respectivamente.
A Coreia do Norte realizou até hoje quatro testes nucleares: em 2006, 2009, 2013 e em janeiro de 2016. Nesse último, o regime liderado por Kim Jong-un afirmou ter detonado com sucesso uma bomba de hidrogênio, algo que os cientistas da comunidade internacional colocaram em dúvida. O comunicado na televisão norte-coreana afirmou na sexta-feira que o país já é capaz de montar ogivas nucleares em mísseis balísticos, mas não é a primeira vez que a imprensa estatal afirma que o país conseguiu realizar tal feito.
Todos os testes nucleares norte-coreanos foram condenados pela comunidade internacional, e após o último ensaio o Conselho de Segurança das Nações Unidas aprovou de forma unânime novas e duras sanções econômicas contra o país. Mas, longe de se amedrontar, o regime continuou desenvolvendo seu programa nuclear e de mísseis com novos testes, entre eles lançamentos de foguetes de submarinos. Pyongyang, que já ameaçou realizar outro teste nuclear, diz que já tem potência suficiente para realizar “ataques preventivos”.
Há três dias, a agência oficial norte-coreana KCNA informou que o jovem Kim “foi firme na necessidade de continuar conquistando feitos milagrosos, um após o outro, no fortalecimento da capacidade nuclear durante esse ano histórico”. Esses comunicados são comuns na imprensa estatal do país e dificilmente podem ser imediatamente ligados a testes nucleares e de mísseis. A detonação de sexta-feira foi realizada no mesmo dia do 68° aniversário da fundação do país por Kim Il-sung, avô do atual líder norte-coreano.
O Governo da Coreia do Sul convocou uma reunião de emergência de seu Conselho de Segurança Nacional para avaliar a situação que será presidido pelo primeiro-ministro do país, Hwang Kyo-ahn. A presidenta sul-coreana, Park Geun-hye, de visita oficial ao Laos por sua participação na reunião da Ásia Oriental, chamou o teste de “uma grave provocação que acelerará ainda mais o caminho do regime de Kim Jong-un rumo à autodestruição”.
O ensaio vem em um momento de tensão na península coreana. Há poucas semanas os Estados Unidos e a Coreia do Sul acertaram o uso do avançado sistema antimísseis THAAD para enfrentar os desafios da Coreia do Norte, algo que despertou receios na China e que Pyongyang tomou como uma ameaça a sua existência. Também após uma intensa atividade diplomática na região na qual Tóquio, Washington, Seul e até Pequim acertaram uma cooperação para enfrentar as "provocações" do regime norte-coreano.
O primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, afirmou que essa ação unilateral “não pode ser tolerada”. Obama, do avião presidencial, alertou a Coreia do Norte sobre “sérias consequências” e se comprometeu com sua homóloga sul-coreana a “utilizar todos os meios possíveis” para que o país abandone seu programa nuclear, incluindo a possibilidade de que o Conselho de Segurança da ONU adote novas resoluções, informa a Reuters. A China, aliada tradicional de Pyongyang, também mostrou sua “firme oposição” ao teste e pediu à Coreia do Norte que não realize ações que piorem a delicada situação na península.
Tu suscripción se está usando en otro dispositivo
¿Quieres añadir otro usuario a tu suscripción?
Si continúas leyendo en este dispositivo, no se podrá leer en el otro.
FlechaTu suscripción se está usando en otro dispositivo y solo puedes acceder a EL PAÍS desde un dispositivo a la vez.
Si quieres compartir tu cuenta, cambia tu suscripción a la modalidad Premium, así podrás añadir otro usuario. Cada uno accederá con su propia cuenta de email, lo que os permitirá personalizar vuestra experiencia en EL PAÍS.
En el caso de no saber quién está usando tu cuenta, te recomendamos cambiar tu contraseña aquí.
Si decides continuar compartiendo tu cuenta, este mensaje se mostrará en tu dispositivo y en el de la otra persona que está usando tu cuenta de forma indefinida, afectando a tu experiencia de lectura. Puedes consultar aquí los términos y condiciones de la suscripción digital.