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Zidane: “Acho injusta a sanção da FIFA, é um absurdo que meus filhos não possam jogar”

Técnico do Real Madrid diz que não entende os critérios usados pelo órgão que comanda o futebol mundial

Eleonora Giovio

O Real Madrid recebe neste sábado o Osasuna no Santiago Bernabéu, mas a agenda esportiva ficou em segundo plano nesta sexta-feira. O técnico Zinedine Zidane compareceu irritado à sala de imprensa de Valdebebas por causa das restrições da FIFA a novas contratações do clube. “Não entendo nada, é absurdo e injusto”, disse o técnico francês. O Comitê de Apelação do organismo máximo do futebol mundial ratificou na quinta-feira a punição imposta em janeiro ao Real e ao Atlético de Madri por violarem o regulamento sobre a transferência de jogadores menores de 18 anos. A não ser que seus recursos prosperem no Tribunal de Apelação do Esporte (TAS), os dois clubes não poderão contratar novos jogadores até janeiro de 2018.

O Real contava em janeiro com 39 atletas estrangeiros menores de idade, dos quais oito causaram a punição. Entre eles estão dois dos quatro filhos de Zidane que vivem com seus pais no bairro madrilenho de Conde de Orgaz. Todos jogam nas categorias de base do Real Madrid. Os dois mais novos, Theo e Elyaz, nasceram na Espanha. Os mais velhos, Enzo e Luca, nasceram em Bordeaux (1995) e Marselha (1998), respectivamente, e se mudaram para a Espanha em 2001, quando Zidane foi contratado como jogador pelo clube branco. São os os dois mais novos (e nascidos na Espanha) que aparecem na lista de oito meninos cuja inscrição desencadeou o castigo da FIFA.

Para proteger aos menores e evitar o tráfico de adolescentes, a FIFA só permite transferências internacionais quando o jogador atinge os 18 anos. Admite, entretanto, três exceções: transferências dentro da União Europeia e do Espaço Econômico Europeu, se o jogador tiver entre 16 e 18 anos e o clube se encarregar, entre outras coisas, da formação escolar e acadêmica (artigo 19 b). A transferência também é possível se o jogador residir a menos de 50 quilômetros da fronteira com o país de destino, e se o clube do jogador também estiver a essa distância da mesma fronteira. (artigo 19 c). A terceira exceção (artigo 19 a) é se os pais do jogador se mudam para o país do novo clube por razões não relacionadas ao futebol. Essa cláusula incide sobre Enzo e Luca, filhos de Zidane estabelecidos em Madri com sua família em meados de 2001, quando o francês trocou a Juve pelo clube merengue.

“Vamos esperar”

“Não entendo nada”, exclamou Zidane após o treino desta sexta-feira. “O clube tenta fazer as coisas do melhor jeito possível. Eu posso falar dos meus filhos. Nasceram aqui e viveram a vida toda aqui. É absurdo que não possam jogar na Espanha. Não entendo e me incomoda, é uma punição injusta”, disse o técnico francês, quando questionado se havia enviado um documento à FIFA explicando a situação dos seus filhos.

“Vamos esperar para ver o que vai acontecer. Esperemos que isso se arranje rapidamente. Vou explicar aos meus filhos por que não podem jogar. Vão precisar ter paciência, porque neste momento não podemos fazer nada”, prosseguiu o técnico. Dois deles, os maiores de idade (Enzo e Luca), poderão jogar neste fim de semana – Luca, aliás, entrou na lista da equipe principal –, mas não os menores, Theo e Elyaz.

O Real Madrid nunca divulgou a lista dos oito menores do causaram a sanção. Citou apenas o caso de dois dos quatro filhos de Zidane e do irmão de Ezequiel Garay, Benjamín. O clube anunciou na quinta-feira que recorrerá ao TAS pedindo um procedimento de urgência. Entende que esse recurso tramitará antes do início da janela de transferência que começa em 1º. de janeiro, de modo que, ao menos por enquanto, não pedirá a suspensão cautelar, porque, se o caso não for solucionado até 31 de dezembro, a suspensão atrasaria o processo.

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