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Estado Islâmico anuncia a morte em combate de seu líder na Síria

EUA lançam um bombardeio contra Al Adnani, acusado de dirigir a unidade de atentados no exterior

Al Adnani, em imagem capturada de um vídeo divulgado em 2012.Foto: atlas | Vídeo: AFP / ATLAS
Juan Carlos Sanz
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O Estado Islâmico anunciou que seu porta-voz e dirigente do califado na Síria, Abu Mohammed al Adnani, morreu durante combates registrados na terça-feira nas proximidades de Alepo, a principal cidade do norte do país árabe, durante uma visita a uma das frentes da guerra. A coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos anunciou que lançou um ataque aéreo dirigido contra Al Adnani, mas que ainda não pode confirmar sua morte. Washington costuma demorar dias e até semanas para confirmar a morte dos alvos de suas operações.

A agência de notícias Amaq, ligada ao grupo jihadista, citou uma “fonte militar” para informar sobre seu falecimento como “um mártir (...) enquanto supervisionava as operações para reduzir a campanha militar em Aleppo”.

O bombardeio ocorreu em Al Bab, localidade próxima a Alepo. “Ainda estamos avaliando os resultados do ataque, mas a retirada de Al Adnani do campo de batalha seria outro golpe significativo para o EI”, disse o porta-voz do Pentágono, Peter Cook, em um comunicado, informa Joan Faus de Washington.

“Al Adnani foi o principal arquiteto das operações externas do EI e seu porta-voz chefe. Coordenou os movimentos dos combatentes do EI, ordenou diretamente os ataques solitários contra civis e militares, e recrutou ativamente novos membros”, acrescentou o porta-voz norte-americano.

Os Estados Unidos haviam oferecido cinco milhões de dólares (16 milhões de reais) por qualquer pista para capturar Al Adnani, como Óscar Gutierrez informou recentemente no EL PAÍS. Os serviços de inteligência ocidentais chegaram a atribuir-lhe o comando da unidade de atentados do EI no estrangeiro. Al Adnani era considerado como um dos membros mais antigos e o sírio mais relevante do Estado Islâmico, cujas milícias perderam posições nos últimos meses tanto no norte da Síria como no vizinho Iraque.

Seu verdadeiro nome era Taha Subhi Falaha, nascido em Binnish, na província de Idlib (norte) em 1977. Após a invasão dos EUA para derrubar o regime de Saddam Hussein, viajou ao Iraque. Lá serviu como instrutor nos campos de treinamento da insurgência da Al Qaeda sob o comando do jordaniano Abu Musab Al Zarqaui. Combateu as tropas norte-americanas até ser feito prisioneiro e enviado à prisão militar de Camp Bucca, onde permaneceu internado entre 2005 e 2010. Na prisão conviveu com Abubaker Al Bagdadi e com outros fundadores do EI, de cuja cúpula de veteranos jihadistas participou desde o primeiro momento.

Foi ele quem proclamou, em 29 de junho de 2014, que o então conhecido como Estado Islâmico do Iraque e Levante instaurava um califado com Al Bagdadi como califa. Em uma mensagem de áudio atribuída a ele há três meses pediu aos seguidores do EI que agissem como lobos solitários nos países ocidentais e cometessem atentados “onde quer que estivessem e como pudessem” contra os inimigos do califado.

Acusado de ser um dos principais indutores dos ataques terroristas do Estado Islâmico na Europa, o jihadista detido na Alemanha Harry Sarfo disse sobre Al Adnani ao The New York Times: “É o chefe da Emni [inteligência do EI]; também é o chefe das forças especiais; tudo passa por ele”. “Se os infiéis fecharam as portas à hijra [viagem ao califado] na sua cara”, afirmou Al Adnani de acordo com um de seus discursos citados na Dabiq, a revista do EI, “então abra a porta da jihad na deles (...) atemorizando-os e aterrorizando-os até que cada vizinho tema seu outro vizinho”, como está no perfil publicado pelo EL PAÍS no dia 14.

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