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Novo caso de abuso sexual deixa segundo atleta fora da competição

Porta-bandeira da Namíbia, o boxeador Jonas Junius foi preso por tentar beijar à força uma camareira

María Martín
O porta-bandeira Jonas Junias Jonas no dia da cerimônia de abertura.
O porta-bandeira Jonas Junias Jonas no dia da cerimônia de abertura.PEDRO UGARTE
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É a segunda vez em quatro dias que a Polícia Civil irrompe na Vila Olímpica no Rio de Janeiro para prender um atleta por abuso sexual. O preso, dessa vez, foi o porta-bandeira da Namíbia, o boxeador de 22 anos Jonas Junius, que foi levado à delegacia acusado de violentar uma camareira.

A agressão aconteceu, segundo a vítima contou à polícia, neste domingo, próximo do quarto do boxeador. Junius abordou a mulher pelas costas enquanto ela limpava, beijou seu pescoço e tentou beijá-la na boca. Depois, segundo a polícia, fez gestos obscenos indicando que queria dar dinheiro em troca de sexo. No Brasil, esse tipo de agressão, mesmo não tendo se consumado o ato sexual, pode ser enquadrada no crime de estupro, com pena de até dez anos de prisão. “Ele teve a prisão decretada por estupro e não assédio sexual. "O crime é estupro", insistiu a delegada Carolina Salomão ao jornal Extra.

Junius é o segundo atleta e boxeador que irá preventivamente à prisão pelo mesmo motivo e perderá a competição mais importante do mundo do esporte. Jonas Junius lutaria na noite de quinta-feira com o atleta francês Hassan Anzille, mas vai precisar de um habeas corpus para comparecer. No caso de Hassan Saada, preso na sexta-feira, por assediar duas camareiras, sua liberação foi negada e ele segue na prisão.

Os casos de estupro no Rio estão longe de serem isolados. O Estado foi cenário em 2015 de 4.128 estupros, cerca de 9% dos estupros denunciados em todo o Brasil se considerarmos os últimos dados de 2014 do Anuário de Segurança Pública. O número revela que, a cada duas horas, uma mulher é estuprada no Rio de Janeiro.

A violência sexual no Brasil tem fortalecido no último ano o movimento feminista. Campanhas virtuais como a do #meuprimeiroassedio, onde as mulheres relatavam a primeira vez que se sentiram violentadas, revelaram que os abusos são muito mais comuns e próximos do que dizem a estatísticas. Um caso de estupro coletivo em maio em uma favela do Rio também escancarou a naturalização da violência sexual contra a mulher, além de evidenciar que boa parte da sociedade continua culpando a vítima.

Na própria Vila Olímpica, dois seguranças, um homem e uma mulher, falavam sobre as duas agressões. Ambos, sem conhecer as camareiras nem detalhes dos casos, deram seu veredito: “Elas só querem aparecer”.

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