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A primeira medalha do Kosovo não se compra com dinheiro

A judoca Kelmendi conseguiu o primeiro ouro de seu país ao recusar ofertas milionárias de outros

Eleonora Giovio
Majlinda Kelmendi é abraçada por Thomas Bach no pódio.
Majlinda Kelmendi é abraçada por Thomas Bach no pódio.Pascal Le Segretain (Getty Images)

Nos Jogos, sonhos são realizados e desfeitos. Chora-se de raiva por uma medalha perdida no lançamento de um disco, por um centésimo ou por um pequeno erro. Nos Jogos, é possível ver o brilho nos olhos de Michael Phelps depois de ganhar sua enésima medalha (a 19a de ouro) como se fosse a primeira; ver Rafael Nadal feliz como um menino simplesmente por estar no Rio. Nos Jogos, também se chora de alegria. Como chorou Majlinda Kelmendi, que neste domingo ganhou o ouro no judô na categoria meio-leve (até 52 kg). Um ouro especial, patriótico. O primeiro ouro para o Kosovo, que foi reconhecido pelo Comitê Olímpico Internacional no final de 2014. Kelmendi, que carregou a bandeira no desfile de abertura, competiu nos Jogos de Londres pela Albânia. Também competiu representando a Federação Internacional e a Europeia.

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“Sempre quis participar dos Jogos com a bandeira e o hino do Kosovo. Hoje me sinto feliz, porque sonhei com este momento por muito tempo, outros países me ofereceram milhões para competir por eles, mas recusei todas as ofertas para me sentir como me sinto hoje. Não há dinheiro no mundo que possa me fazer sentir como me sinto hoje”, afirmou a judoca no domingo, após entrega das medalhas.

O treinador de Kelmendi, Driton Kuka, é um ex-judoca que nunca pôde participar dos Jogos devido à guerra dos Balcãs e às sanções impostas à Iugoslávia. Durante a guerra, sua cidade e a de Majlinda, Pec, foi destruída. Os bombardeios não acabaram com sua paixão, por isso Kuka e sua família ajudaram a construir um dojo — local onde se pratica o judô—, no qual Majlinda começou a treinar em 2000. Dezesseis anos depois, teve sua recompensa. No Rio, a judoca também ganhou sua primeira Copa do Mundo, em 2013.

“Esta medalha significa muito para mim e para meu país. É um momento histórico, não só pelo esporte, mas também pelo que significa para o Kosovo como país. Trabalhei duro por quatro anos para este dia e para este momento. Estava tão feliz quando subi ao pódio! Sabia que não estava contente apenas por minha família, mas que também havia deixado todos os kosovares felizes e todas as crianças que me viam como uma heroína na TV. É um sonho que se tornou realidade”, disse Kelmendi. No pavilhão do judô, havia filas para tirar uma foto com a atleta e com a bandeira do Kosovo.

Majlinda Kelmendi, rodeada de aficionados, com a bandeira do Kosovo.
Majlinda Kelmendi, rodeada de aficionados, com a bandeira do Kosovo.TORU HANAI (REUTERS)

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