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Matt Damon: “Os paparazzi não perdem tempo comigo”

Ator volta pela quarta vez ao papel do espião Bourne e explica por que tem “medo” de Donald Trump

Tommaso Koch

Ano após ano. Nos restaurantes, nos aeroportos, na rua. Matt Damon vivia em um déjà vu: “Muita gente se aproximava de mim e me dizia: “Por favor, faça outro filme!”. Com Paul Greengrass, o diretor, acontecia a mesma coisa. “Ficamos espantados com um público tão leal. Fiz filmes que ninguém viu”, afirma o ator (Cambridge, 1970). Até mesmo um espião de vontade de ferro precisou ceder diante de tamanha pressão popular. Essa é a principal razão do retorno de Bourne, cujo quinto filme – o quarto com Damon – chega dia 29 de julho às salas de cinema.

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O outro motivo por trás de Jason Bourne, do qual Damon também é produtor, é que finamente tinham “uma história que valia a pena contar”. O ator havia deixado a franquia pela ausência de Greengrass e por roteiros poucos convincentes – foi substituído por Jeremy Renner na quarta parte da saga –. Mas agora Bourne está de volta com seu formato habitual: perseguições, jogos duplos e um périplo por todo o planeta, de Atenas a Las Vegas. O filme também está conectado com a atualidade, de modo que o agente encontra protestos na Grécia e na CIA são mencionados os vazamentos de Snowden. “Estou grato pelo fato dessas informações terem se tornado públicas. A questão principal de nossos tempos e do filme é a relação entre direitos civis e segurança”, afirma Damon.

Junto com o mundo, seu personagem também mudou. Em 2002, A Identidade Bourne foi um sucesso de bilheteria com uma versão mais raivosa e com menos glamour de James Bond, alguém atormentado em busca de seu passado. O sucesso do filme confirmou a tese de Doug Liman, diretor do primeiro episódio e depois produtor. “Foi o primeiro que viu claramente que havia algo além de 007”, diz Damon. Nesses 14 anos, Bourne recuperou a memória, mas não a paz: “Se você quer ressuscitar a franquia precisa pensar que sua vida voltou a ficar de pernas para o ar. Se estivesse tudo bem com ele, não existiria o filme”.

E qual a diferença de Damon em relação a 2002? “Tinha 29 anos, era quase um estudante. Hoje tenho 45 e quatro filhas”. De modo que a missão de criar Bourne também foi mais complicada: o ator não recomenda “a ninguém” o regime que seguiu. Sua carreira também evoluiu: na época, começava a brilhar graças a Gênio Indomável e O Resgate do Soldado Ryan. Hoje em dia é uma estrela, indicado ao Oscar por Perdido em Marte, trabalhou com Scorsese e planeja interpretar um super-herói, desde que seu amigo Ben Affleck seja o diretor.

Apesar de tudo isso, Damon se define como “uma estrela sem graça de Hollywood”. Por que? “Os paparazzi não perdem tempo comigo. Sou um pai suburbano que vai a treinos de futebol. Não sou nenhuma história, mas isso me permite levar uma vida relativamente normal”. O certo é que os fotógrafos há anos não ficam mais acampados diante da casa de Damon.

Talvez sua normalidade contribua com outra de suas características: “rentável”. A Forbes calculou anos atrás que para cada dólar recebido por Damon seus filmes rendem 29. E muitos críticos acreditam que o público se identifica com ele. Mas o ator encontra outra explicação: “O cinema é feito pelos diretores. Não é que eu seja rentável, eles são. Quanto mais você trabalhar com bons cineastas, fará melhores filmes, que são os que o público tende a ver”. De fato, o nome por trás da câmera é seu critério para aceitar um projeto. Sua outra regra inegociável, claro, é nunca estar mais de duas semanas longe de sua família.

Ao repassar sua carreira, o ator volta a falar de Bourne: “Isso me ajudou com todos os trabalhos que fiz. Agora estou nessa pequena lista que os estúdios olham e pensam: ‘Vamos fazer um filme com ele”. Mas acredita que nem seu alter ego poderia lidar com Donald Trump: “Ele me dá medo. E não tanto por suas políticas, mas por seu caráter”. Para se explicar, conta a seguinte história: nos anos oitenta o jornalista Graydon Carter escreveu que Trump tinha as mãos pequenas. Desde então, o magnata não parou de enviar-lhe fotos de suas mãos, para convencê-lo do contrário. E não parou. “Imagine isso somado ao poder da presidência dos Estados Unidos”, acrescenta. Exatamente o oposto de Obama, que o ator define como uma das pessoas “mais brilhantes” que já se sentaram na Casa Branca.

Em todo caso, o futuro de seu país será resolvido nas eleições de novembro. O de Damon prevê um filme com Alexander Payne, um com Zhang Yimou e, algum dia, a direção. E Bourne? “Sempre que Paul [Greengrass] me pedir, adorarei retomá-lo”. E caso isso não ocorra, o público se encarregará de convencê-los.

A VIDA AGITADA DE ALICIA VIKANDER

Alicia Vikander vive em Londres. Na verdade, tem uma casa na cidade. "Só estive lá por cinco dias nesse ano", ri. É o preço de ser a nova musa do cinema: quatro filmes estreados em 2015, aplausos por Ex-Machina: Instinto Artificial, um Oscar por A Garota Dinamarquesa e a admiração de críticos e indústria. Acrescentem a divulgação e os projetos futuros e o resultado é uma jovem (Gotemburgo, 1988) que passa mais tempo em hotéis e aviões do que em sua casa.

Agora, acrescenta ao seu currículo Jason Bourne, na pele de uma ambígua analista da CIA: "Sou uma grande fã da franquia. É um filme de ação para se ver comendo pipocas, mas com substância e elementos da vida real".

E a sua produtividade a levará direto a outra superprodução, o renascimento de Tomb Raider. O que a fez aceitar?: "Angelina Jolie para mim sempre foi um ícone. Também jogava o videogame quando criança e me lembro do fascínio de interpretar uma protagonista feminina, algo que à época não acontecia muito. Além disso, depois recomeçaram a história do videogame [o mesmo roteiro do próximo filme], de modo que é um relato das origens".

Admirada por seu talento, estrela do presente e futuro, namorada de Michael Fassbender. É possível dizer que Vikander beira a perfeição. Existe algo que não consiga fazer? “Ah, muitas coisas. Por exemplo, não sou muito boa nos esportes. Devo ser a última pessoa que alguém escolheria para sua equipe...”.

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