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Editoriais
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Táticas perigosas

Rajoy deve ativar o processo e todos devem concordar o mais rápido possível com a posse

Mariano Rajoy e Pedro Sánchez, durante a reunião no Congresso em 13 de julho.
Mariano Rajoy e Pedro Sánchez, durante a reunião no Congresso em 13 de julho.Emilio Naranjo (EFE)

Concluída a rodada de contatos com os líderes dos outros partidos, Mariano Rajoy evitou uma declaração inequívoca sobre sua disponibilidade para a posse. Neste ponto, depois de uma repetição das eleições, mostrar-se interessado na votação parlamentar apenas se, antecipadamente, sua própria indicação como candidato tiver garantia de sucesso é totalmente inaceitável.

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Rajoy não pode ameaçar com não cumprir novamente com seus deveres. Contra toda lógica, os fantasmas da instabilidade e da manutenção sine die da interinidade política voltam a percorrer a Espanha. Para evitar esse cenário perigoso, que impediria que o país pudesse tomar decisões cruciais dentro dos prazos exigidos pelas instituições europeias –estamos falando da aprovação do teto dos gastos orçamentais–, é imperativo que Rajoy coloque uma data para sua posse e assegure, com uma negociação política, o maior apoio possível.

O que Rajoy não pode pretender é uma mera adesão a seu projeto: deve trabalhar exaustivamente para conseguir um pacto legislativo ou de governo. É incompreensível que o candidato do Partido Popular a La Moncloa continue sem nomear negociadores e tenha se limitado a estabelecer contatos pessoais com os líderes das outras forças políticas. Que no tempo transcorrido desde a eleição não tenha conseguido nem um compromisso que aproxime seus 137 deputados eleitos aos 176 necessários para conseguir a posse na primeira votação prova que Rajoy precisa passar o mais rápido possível das conversas às negociações. No momento, o PP colocou sobre a mesa um documento de propostas que se perde em afirmações gerais sobre um pacto pelo emprego e o crescimento econômico, redução de impostos, educação, redução dos foros privilegiados, fortalecimento institucional e uma saúde “moderna”, pontos em grande parte inspirados no programa do PP.

Os políticos que se encontraram com o inquilino de La Moncloa parecem fechar o caminho para sua reeleição, apesar de que é importante separar o que dizem de como dizem. O socialista Pedro Sánchez continua no não, mas afirma que essa é a posição “no dia de hoje”, dando a entender que tudo depende de uma negociação na qual – absurda contradição – diz que não está disposto a participar. E tenta devolver para Albert Rivera a pressão que o presidente de Cidadãos colocou sobre ele depois de sua reunião com Rajoy. Também absurdo. Por sua vez, Rivera confirma a abstenção do seu grupo na segunda votação da posse: modifica a posição contrária à continuidade de Rajoy, mas limita sua vontade de apoio à de ter um Governo. Rivera dá um passo suficiente para a governabilidade do país, mas insuficiente para um partido que tem o objetivo de regenerar a Espanha.

No interesse de nosso país, é necessário que todos se esqueçam das táticas medíocres, de desgastar o contrário quando, na verdade, estão desgastando a sociedade e o sistema democrático. É preciso que todos evitem a tentação de brincar com o calendário, que assumam sua responsabilidade. É necessário que Rajoy ative o quanto antes os prazos e que os outros concordem com uma posse rápida e bem sucedida.

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