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Macri vê oportunidades para acelerar o acordo comercial UE-Mercosul

Presidente da Argentina procura avançar no pacto durante sua visita a Bruxelas

Álvaro Sánchez
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, recebe o presidente da Argentina, Mauricio Macri, em Bruxelas, na segunda-feira.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, recebe o presidente da Argentina, Mauricio Macri, em Bruxelas, na segunda-feira.JOHN THYS (AFP)

Em 1996, o ex-presidente da Argentina, Carlos Menem aterrissou em Bruxelas com um objetivo claro, que expressaria minutos depois de descer das escadas do avião: “Queremos acelerar o processo de construção de uma área de livre comércio entre a União Europeia e o Mercosul”. Vinte anos depois dessa aproximação, o acordo ainda não foi fechado e continua marcando uma parte importante da agenda entre Buenos Aires e Bruxelas. “Abre-se uma enorme oportunidade para aprofundar a integração da UE vis a vis o Mercosul”, afirmou Macri na segunda-feira depois de sua reunião com o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk.

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O presidente argentino manteve encontros para reativar o pacto tanto com Tusk quanto com a chefe da diplomacia europeia, Federica Mogherini, que apoiou a “liderança” de Macri e sua política de estreitar laços com a Europa. “Vamos embora com uma visão otimista. A mudança de ofertas iniciais é o começo de um processo que queremos que avance mais rápido”, reafirmou Macri. O foco dos dois lados é avançar as negociações, mas durante a visita não se vislumbraram soluções para o capítulo agrícola, o principal obstáculo que paralisa o acordo de associação. “Todos temos claro que a verdadeira integração inclui todos os setores, por isso devemos trabalhar nos próximos meses para ver como podemos resolver isso “, disse o presidente argentino em Bruxelas, que não vê no Brexit nem na presidência venezuelana do Mercosul obstáculos para as negociações.

As principais organizações agrícolas e pecuárias europeias e 13 países da UE, incluindo a França, pediram em abril passado que Bruxelas recuse as demandas do Mercosul de abrir o mercado europeu para a entrada de produtos lácteos e carne, e o próprio presidente francês, François Hollande, deixou clara sua intenção de defender os agricultores franceses em sua última visita à Argentina em fevereiro, poucas semanas após a vitória eleitoral de Macri. “É como se pedíssemos que não deixem entrar computadores”, responderam com raiva do Consórcio de Exportadores de Carnes Argentinas.

O Mercosul, formado por Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai (Venezuela faz parte do grupo, mas não está incluída na negociação) representa para a Europa um mercado de 250 milhões de consumidores, e, juntos, formariam a quinta maior economia do mundo. A Comissão Europeia estima que 85% das exportações europeias pagam tarifas, assim o acordo significaria uma economia bilionário para setores como o de máquinas, carros e bebidas alcoólicas.

Além do acordo de comércio, Macri conversou com os representantes europeus sobre o fim dos direitos antidumping que oneram a entrada de biodiesel argentino desde o final de 2013. A UE justificou a medida alegando que se beneficiam de vantagens desleais, mas embora a Organização Mundial do Comércio tenha dado razão à Argentina, a UE apelou da decisão. Também abordou a questão das Malvinas. “Esperamos algum dia poder sentar em torno de uma mesa para dialogar em profundidade a questão, sem invalidar que podemos ter outras formas de cooperação”. Macri não acredita que a saída do Reino Unido da UE modifique em nada o cenário. “Com ou sem Brexit, nossa reivindicação nunca vai mudar”, disse taxativo.

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