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Estádio mais caro da Copa abriga secretarias para justificar investimento

Mané Garrincha, no DF, custou 1,5 bilhão de reais. Hoje aloca espaço para servidores

Estádio Mané Garrincha, em Brasília
Estádio Mané Garrincha, em BrasíliaT. Winston (Ag. Brasília)

O Estádio Mané Garrincha, de Brasília, ficou famoso ao conquistar um título indesejado. A arena brasiliense foi o mais caro estádio construído para uma Copa do Mundo no Brasil em 2014 e o terceiro mais caro do mundo: 1,5 bilhão de reais, segundo a Pluri Consultoria. Dois anos após a euforia inicial com o Mundial, o Governo do Distrito Federal luta para não ficar obsoleto depois de injetar uma quantidade assombrosa de dinheiro gasto para receber alguns jogos da Copa numa região sem tradição futebolística. Para isso, a promoção de shows, feiras gastronômicas e até a instalação de secretarias no prédio do estádio fazem parte da estratégia do Governo para justificar o estádio.

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Desde o ano passado, o edifício anexo ao Mané Garrincha acolhe as secretarias do Esporte, de Economia e Desenvolvimento Sustentável e de Desenvolvimento Humano e Social. A medida garantiria a economia de milhões de reais em aluguel na sede do Governo do DF. Mas a manutenção do estádio, de qualquer forma, demanda 700.000 reais mensais da capital do país. O Governo não revela quanto está arrecadando com os eventos promovidos, mas é notório que a contabilidade não fecha.

Por ora, a secretaria de Esporte e Turismo alega que as instalações de órgãos públicos no Mané Garrincha garantem economia de 14 milhões de reais, diante de um rombo de quase 6 milhões ao mês na balança entre custeio e lucro com os eventos e jogos sediados.

Sustentado por gigantescos 288 pilares cinzas de 36 metros de altura, o Mané Garrincha deixa uma sensação de obra inacabada. Dentro da moderna arena, onde tudo parece funcionar adequadamente, nota-se que a parte externa não passa de um capricho do arquiteto Eduardo Castro Mello, filho de Ícaro de Castro Mello, o projetista e executor da primeira versão do estádio, construído na década de 1970.

Outro estádio que vive situação parecida é a Arena Pantanal, no Mato Grosso, que também deslocou secretarias para o prédio anexo. A obra em Cuiabá foi a quarta mais cara da Copa no Brasil e o 24º do mundo, com o custo de 628 milhões de reais. Sua manutenção exige 600.000 reais todo mês. A exemplo de DF, o Governo mato-grossense não admite que é deficitário e destaca a economia de milhões de reais com aluguéis.

Além dos jogos do campeonato estadual e dos eventos alternativos, a Arena Pantanal tem sediado partidas de futebol americano. Tanto Cuiabá quanto o Distrito Federal têm aproveitado, também, que os times do Rio de Janeiro estão sem casa nesse período pré-olímpico para atraí-los para seus domínios. Os principais estádios cariocas, o Maracanã e o Engenhão, estão cedidos para o Comitê Olímpico Internacional em virtude dos jogos que se iniciam em agosto. Brasília, por exemplo, recebeu neste ano quatro partidas de times do Rio. Uma outra característica que une esses dois elefantes brancos são os questionamentos feitos por órgãos de fiscalização das obras. Ambos estádios têm investigações feitas por tribunais de contas e, no caso de Cuiabá, o Ministério Público ainda suspeita de superfaturamento.

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