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O que muda no Campeonato Inglês com o Brexit?

Dois terços dos europeus que disputam o torneio no país não cumpririam as exigências de visto

Os espanhóis Mata e De Gea, do Manchester United.
Os espanhóis Mata e De Gea, do Manchester United.Reuters

O voto dos britânicos pela desfiliação do Reino Unido da União Europeia (Brexit) afetará também o esporte mais popular do mundo. O futebol britânico, se concretizado o processo, seria notavelmente prejudicado. O modelo atual desaparecerá, e os jogadores nascidos fora dos limites do Reino Unido terão um caminho mais complicado até os clubes britânicos.

O presidente da Liga Inglesa de Futebol, Richard Scudamore, havia se posicionado a favor da permanência na UE. "Não é algo muito conveniente quando você viaja pelo mundo todo. Há tal abertura no Campeonato Inglês que, na minha opinião, seria completamente incongruente se não nos opuséssemos à saída", declarou ele à BBC.

O que aconteceria os jogadores que atuam no Reino Unido?

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As federações da Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte calculam que cerca de 400 atletas atualmente teriam seu status imediatamente igualado ao dos extracomunitários. Para que um jogador nessa condição obtenha a autorização de trabalho no Reino Unido, precisa ter disputado entre 30% e 75% dos jogos da sua seleção nacional nos últimos dois anos, dependendo da colocação do país de origem no ranking da FIFA.

Assim, grandes revelações da temporada, como os franceses N’Golo Kanté (Leicester) e Dimitri Payet (West Ham United), não poderiam ter chegado à Premier League se fossem inscritos depois do Brexit, já que não atuam habitualmente na seleção nacional.

As exigências de visto não serão aplicadas retroativamente, mas condicionariam futuras contratações e obrigariam os clubes de elite a se dedicarem mais às categorias de base. Segundo o jornal The Guardian, dois terços dos jogadores europeus que atuam na primeira divisão inglesa não cumpririam as condições para obter um visto de trabalho. Entre eles estariam os espanhóis César Azpilicueta (Arsenal), David de Gea (Manchester United) e Juan Mata (Manchester City).

E no caso do futebol espanhol?

No caso do Campeonato Espanhol, jogadores como Gareth Bale passariam a ser considerados extracomunitários. Isso implicaria que, frente à regra que limita esses jogadores a três por equipe, o Real Madrid, por exemplo, teria um sério problema, pois seria obrigado a se desfazer de um dos seus três estrangeiros (Casemiro, Danilo e James) para que Bale permanecesse no elenco.

Que consequências teria para Champions League e Liga Europa?

Em princípio, as equipes britânicas não teriam muitos problemas para continuar participando das competições continentais. “Faz tempo que, nos torneios organizados pela UEFA, não há maiores distinções entre comunitários ou não. Simplesmente exigimos que cada jogador esteja corretamente federado em sua federação. Isso basta", disse Giorgio Marchetti, diretor de competições da UEFA.

Como afetaria as contratações?

“Para as equipes, o livre trânsito é transcendental no mercado. Tirar-nos da UE teria consequências devastadoras. Competiríamos em desvantagem com a Europa”, afirmou a vice-presidenta do West Ham, Karren Brady, numa carta aos demais clubes.

A Primeira Divisão inglesa fatura 2,3 bilhões de euros (8,6 bilhões de reais) por temporada, mais do que o triplo do faturamento das ligas espanhola e francesa (750 milhões de euros por temporada cada uma), e mais que o dobro dos 960 milhões de euros obtidos pela Série A italiana. O Campeonato Alemão rende apenas 675 milhões de euros por ano. Segundo o método inglês de distribuição, o lanterna da temporada recebe cerca de 136 milhões de euros, ao passo que o campeão fica com pelo menos 210 milhões.

Torcida também será afetada

Os torcedores ingleses e escoceses, principalmente, se deslocam livremente por toda a Europa para acompanhar seus times na Champions League e na Liga Europa, as duas competições europeias que reúnem as melhores equipes do continente. Com a saída do Reino Unido da União Europeia, essas viagens seriam tolhidas.

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