Melhor dentro do que fora, ‘please’
A UE é um dos sucessos mais relevantes da história contemporânea. Por que se separar?
Os britânicos votam nesta quinta-feira se ficam na UE ou se saem. A decisão preocupa a todos os cidadãos europeus. E mais ainda aqueles que acham que caminhar juntos é a melhor opção, para o Reino Unido e para a UE. Ambos carregam em sua sigla a u de unidade. É conveniente afirmá-la porque a alternativa seria pior. Provocaria tensões entre os diferentes territórios do Reino e ameaçaria com sua desintegração; desprestigiaria a União e marcaria seu provável declínio.
Mas as razões fundamentais não são as negativas, as do “medo” — embora, às vezes, sejam sensatas —, mas as positivas. Só dentro Londres pode atingir melhor seu desígnio histórico: o equilíbrio do continente, sem hegemonias.
Com todos os inconvenientes, limitações e insuficiências, a UE é um dos sucessos políticos e econômicos mais relevantes da história contemporânea, lembrou o presidente Obama em Hannover. Por que, então, deixá-la? Por que atacá-la?
Na era da globalização desordenada, que criou tanta anomia social e desigualdade, a Europa postula a globalização com regras, uma economia produtiva e a coesão social e territorial. Existem melhores objetivos de governança? E algum meio para alcançá-los, mesmo por etapas, que não seja reunindo as forças daqueles que querem isso, em vez de dispersá-las?
O referendo é um recurso legítimo, mas nem sempre ideal. O secular parlamentarismo britânico mostra que a democracia representativa exibe a virtude de tomar decisões reversíveis, algo mais difícil nos plebiscitos, vulneráveis às paixões inferiores, ao reducionismo e ao populismo.
Muitos europeus continentais gostariam também de votar nesta quinta, em sinal de apreço pela democracia britânica; para afastar o risco de que um Reino Unido separado incitasse os desejos de xenófobos e autoritários; para reforçar nossos laços em vez de enfraquecê-los. Que os britânicos votem em nosso nome. Please.