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COI declara que todos atletas russos e quenianos precisam ser testados por doping

Federações precisam aprovar individualmente participação de atletas nas Olimpíadas do Rio

Carlos Arribas
Os trabalhadores desmontam o palco da cimeira olímpica.
Os trabalhadores desmontam o palco da cimeira olímpica.DENIS BALIBOUSE (REUTERS)

“Os atletas russos e quenianos perderam a presunção de inocência em relação ao doping”, anunciou nesta terça-feira o Comitê Olímpico Internacional (COI). Russos e quenianos — e não apenas os atletas — deverão ser submetidos individualmente à avaliação e testes de suas respectivas federações internacionais, que aprovarão ou negarão a participação de cada um nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro.

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Após a cúpula olímpica realizada nesta terça-feira, sob os lustres brilhantes de um grande hotel em Lausanne, Thomas Bach, presidente do COI, mestre da esgrima e do equilíbrio político, deveria começar a ser chamado Thomas Salomão Bach: em um mesmo comunicado, o COI é capaz de novamente apoiar a decisão da Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF, na sigla em inglês) de vetar atletas russos nos Jogos do Rio e, ao mesmo tempo, aceitar que a participação deles sob a bandeira russa ainda é possível; também é capaz de reivindicar para si o direito de admissão em sua festa olímpica e, ao mesmo tempo, concedê-lo às federações internacionais, além de tirá-lo e concedê-lo ao Tribunal Arbitral do Esporte (TAS). E esta decisão tão ampla afeta não só o atletismo, mas todo o esporte da Rússia e do Quênia, cujas agências antidoping foram declaradas inúteis, o que condena seus atletas ao status de suspeitos: todos se doparam até que provem o contrário.

Será difícil provar que estão limpos. “As federações internacionais não devem considerar que a ausência de um controle antidoping positivo em âmbito nacional seja suficiente para provar a limpeza”, destaca o COI. “Terão de recorrer a outros elementos de teste disponíveis, bem como ao Código Mundial Antidoping e às regras específicas de cada esporte.”

Embora a declaração seja contundente, dependendo da interpretação, pode representar uma fresta aos atletas russos vetados pela IAAF na sexta-feira passada. Segundo a federação internacional, apenas os russos que vivem no exterior e que se submeteram a testes fora da Rússia poderão competir no Rio; segundo o COI, no entanto, todos os russos terão direito de apresentar seus testes negativos; de acordo com o Código Mundial Antidoping, aplicado pela IAAF, todos os atletas internacionais devem ser monitorados por suas federações internacionais, o que significa que a IAAF também deve controlá-los...

Tudo caminha para que a confusão em torno de quem tem a palavra final seja resolvida pelo TAS, o órgão supremo da justiça desportiva, que, apesar de ser sediado em Lausanne, a cidade do COI, que o financia, várias vezes tomou decisões contrárias às da agência olímpica. Como quando, antes das Olimpíadas de Londres de 2012, anulou uma norma que proibia a participação nos Jogos de atletas que já haviam sido punidos por doping, mesmo se já houvessem cumprido a punição.

Na terça-feira, enquanto circulavam rumores do Kremlin sobre um possível desejo de Vladimir Putin de boicotar os Jogos do Rio, vários atletas russos e seu comitê olímpico anunciaram que levariam o caso para o TAS.

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