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A nova sentença de ‘Orange Is the New Black’

Quarta temporada da série estreia na Netflix nesta sexta-feira, mais violenta do que nunca

Como afirma a campanha promocional de Orange Is the New Black (OTNB), nessa prisão televisiva saída da mente de Jenji Kohan “cada sentença é um mundo”. No Brasil, esse mundo estreia sua quarta temporada na Netflix nesta sexta-feira, mais cheio e violento do que nunca. “Começamos com uma lotação da população carcerária e isso é algo que acontece nas prisões norte-americanas”, diz Blair Brow, que interpreta uma das novas detentas cuja sentença parece saída das manchetes de um jornal. O personagem de Brown é uma espécie de Martha Stewart presa por sonegação de impostos. “Tiramos muitas ideias das notícias cotidianas, mas vistas através de nosso filtro, é claro”, afirmou a criadora da série. “E às vezes até ficamos adiante de nosso tempo”.

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Kohan não quer falar muito para não estragar o que vem pela frente, mas tanto ela como o elenco de sua série, cada vez mais numeroso, deixaram várias pistas. Por exemplo, fica claro que o poder subiu à cabeça de Piper Chapman (interpretada por Taylor Schilling) após montar com sucesso na temporada passada a venda de roupa de baixo usada da penitenciária. “Piper tem seu jeito de ser próprio” reconheceu a criadora. Um jeito que não necessariamente torna esse personagem mais querido, alguém cada vez mais desconectado do mundo exterior. “Cada vez mais sua atenção está voltada para dentro dessas quatro paredes”, insinuou Kohan. Paredes que se transformaram em uma panela de pressão prestes a explodir a julgar pela guerra aberta com a população hispânica da cadeia. “Essa temporada é a sublevação das hispânicas e as tensões geradas por isso”, disse Selenis Leyva, Gloria Mendoza na ficção.

A privatização da prisão de Litchfield, sua estratificação e a agenda política que acompanha essa decisão é outra transformação que somente amplifica os perigos que se sucedem em OITNB. Como ressaltou Samira Wiley (Poussey Washington na série), é sempre bom dar uma ou outra lição ao sistema judicial nessa mescla de ficção e realidade. “Jenji gosta de dar o que pensar à audiência ao mesmo tempo em que a entretém”, acrescentou a atriz.

Entre tantas tensões também existem elementos positivos como a progressiva aproximação entre o personagem de Dayanara e sua mãe. E para Laverne Cox é uma boa notícia o mero fato de que seu personagem como a transexual Sophia Burset continue presente levantando a polêmica. Ela continuará sofrendo as consequências de seu isolamento. “Como mulher transexual nascida no Alabama, o fato de fazer parte da série é uma vitória. Estar confinada em uma solitária não é mais do que a realidade vivida pela maior parte dos transexuais na cadeia”, afirmou.

A essa altura tanto Kohan como seus roteiristas de OITNB são uma espécie de médiuns que passam o dia escutando as vozes de seus personagens. “Já são pessoas que conhecemos”, admite. Mas para tê-los mais presentes, a sala dos roteiristas está recheada de fotos das detentas, no caso das hispânicas decoradas com bandeiras de suas nacionalidades de origem. A finalidade é fazer combinações impossíveis com elas. “Piper só nos deu o salvo-conduto para entrar em mundo perfeito para uma série multifacetada”, diz Kohan. Uma série que, como frisou Cox, dá prioridade às mulheres negras, bissexuais e idosas. Vozes nem sempre representadas em uma televisão que, como polemizou Brown, costuma ser um clube de meninos “que não sabem escrever papéis femininos”.

A maratona contra o episódio semanal

"Eu sou a primeira a ver a série de uma só vez, mas recomendo ao espectador que o faça com calma ou, quando acabar os 13 episódios, ficará ansioso e ainda falta muito para a próxima", alerta Brown. Kohan faz a mesma recomendação. Se fosse por ela, faria uma série como antigamente, semana a semana. "Mas as lamentações são absurdas", disse sobre um sucesso que a permitiu renovar OITNB por mais três temporadas. Sabe que a obsessão produzida pelo binge watch, essa vontade de ver a série de uma só vez, é parte do sucesso de uma série indicada 16 vezes ao Emmy, com quatro vitórias. Ainda assim sua criadora sente falta "da possibilidade de dialogar em tempo real" de uma produção semanal. "E o fato de que tenho muita vontade de falar sobre o que consumiu minha vida no último ano, mas preciso ficar quieta", resumiu.

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