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Atentado contra ônibus de policiais mata 11 em Istambul

Bomba ativada por controle remoto explodiu perto de uma parada do transporte coletivo

Veículos de bombeiros junto ao ônibus atacado em Istambul.Foto: reuters_live
Andrés Mourenza

Um atentado voltou a sacudir a principal cidade da Turquia nesta terça-feira. A explosão de um carro-bomba acionado por controle remoto junto a um ônibus da polícia, em pleno centro histórico de Istambul, deixou pelo menos 11 mortos e dezenas de feridos. “Sete agentes e quatro civis morreram, outras 36 pessoas ficaram feridas”, disse o governador provincial, Vasip Sahin, em um breve comunicado à imprensa, no qual prometia mais informações no decorrer da investigação.

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A explosão ocorreu por volta de 8h40 (2h40 pelo horário de Brasília), no bairro de Vezneciler, a menos de 100 metros da estação de metrô homônima, de uma importante parada de ônibus e da Prefeitura Metropolitana. Também perto dali ficam a Universidade de Istambul, o aqueduto de Valente, o Grande Bazar e a praça Beyazit, razão pela qual é uma área muito frequentada por turistas. A imprensa local observou que o fato de o vizinho hotel Celal Aga estar fechado evitou que o número de mortos fosse maior.

Várias ambulâncias foram para o local. Por causa da explosão, o ônibus que transportava os policiais capotou, e veículos e vitrines dos arredores foram destruídos, conforme mostraram as primeiras imagens. Também a mesquita Sehzade, uma obra-prima do arquiteto Sinan construída no século XVI, foi danificada.

Testemunhas relataram à agência oficial Anatolia e à privada DHA que tiros foram ouvidos depois da explosão. Além de isolar a área, a polícia desocupou edifícios próximos e, pelos alto-falantes de uma mesquita próxima, pediu aos fiéis que deixassem o templo para que agentes antibomba pudessem revistar a área em busca de outros artefatos explosivos. “Trata-se de uma medida de precaução habitual. Nestes casos, qualquer coisa suspeita que for encontrada será detonada de forma controlada”, disse o governador Sahin.

Apesar de não ter sido reivindicado por nenhum grupo, o modus operandi e o alvo fazem suspeitar de grupos armados curdos, como os Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK) e o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK), envolvidos desde julho numa incessante luta contra o Estado turco, que já resultou na morte de 1.500 pessoas, sendo um terço delas civis. Pelo menos seis localidades na região curda da Turquia foram sitiadas pelo Exército, e imensas áreas suas foram reduzidas a escombros pelos bombardeios e combates. Segundo a ONG Anistia Internacional, 500.000 curdos ficaram desabrigados por causa do conflito.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, mencionou a suspeita contra os curdos ao dizer, pela televisão, que “não é nenhuma novidade que o PKK cometa atentados nas principais cidades, como Istambul”. Erdogan, depois de visitar o hospital que está atendendo os feridos, prometeu combater o terrorismo “de maneira implacável e até o final”.

Em represália pela campanha militar de Ancara, o TAK havia ameaçado cometer atentados contra o setor turístico da Turquia e contra cidades do oeste do país. Em fevereiro e março, dois ataques mataram mais de 60 pessoas, em sua maioria civis, na capital turca. Esta organização diz ser independente do PKK, mas vários analistas a veem como um grupo de fachada da guerrilha curda, numa estratégia para que os atentados não abalem a popularidade do PKK – algo já feito décadas atrás pelo grupo Setembro Negro em benefício da Organização para a Libertação da Palestina (OLP).

Em 12 de maio, um atentado do PKK contra um comboio militar no bairro de Sancaktepe, no lado asiático de Istambul, feriu cinco soldados e três civis. Um dia depois, numa aldeia da província de Diyarbakir (sudeste), um caminhão carregado com 15 toneladas de explosivo foi acidentalmente acionado, matando quatro membros da organização curda e 12 moradores que haviam descoberto os milicianos e tentavam convencê-los a se entregarem.

A insurgência curda, porém, não é a única suspeita, já que o Estado Islâmico (EI) também tem a Turquia na mira desde o ano passado, quando Ancara começou a combater ativamente a organização jihadista. Desde então, suas ações mataram 200 pessoas em diversos ataques em Diyarbakir, Suruç, Ancara, Istambul, Gaziantep e Kilis. Em Istambul, o Estado Islâmico causou a morte de 10 turistas alemães na praça Sultanahmet, em janeiro, e de outras quatro pessoas em março na avenida Istiklal, dois lugares muito frequentados por visitantes estrangeiros. No caso de Kilis, os jihadistas submeteram a localidade a um intenso bombardeio de obuses que, nos últimos meses, mataram cerca de 20 pessoas.

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