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Sem pesquisas, fica a dúvida: como está a popularidade de Temer e Dilma?

Mais recente pesquisa do Datafolha sobre apoio geral ao impeachment é de abril

As últimas pesquisas de opinião sobre a crise política brasileira remontam ao mês de abril passado, época em que ainda se discutia o processo de impeachment da presidenta na Câmara dos Deputados. Desde então, Dilma Rousseff foi afastada e o presidente interino Michel Temer começou seu Governo, que completará um mês no próximo domingo, mas nenhum novo dado surgiu. A crise política, contudo, continua com desdobramentos frenéticos. Nesta terça-feira, em só mais um episódio envolvendo integrantes do PMDB, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu a prisão de quatro caciques do PMDB – Romero Jucá, José Sarney, Renan Calheiros e Eduardo Cunha. A pergunta que fica no ar é: com tantas novidades, em que pé anda a popularidade de Temer? E de Dilma?

Dilma em ato em Porto Alegre, na sexta.
Dilma em ato em Porto Alegre, na sexta.R. Stuckert Filho (PR)

A falta de pesquisas de opinião tradicionais tem sido alvo de críticas e já gerou iniciativas curiosas, como a do site Catraca Livre, que lançou uma série de enquetes, sem rigor científico, para tentar responder questões com que a sociedade e analistas políticos têm se debatido. As principais são: qual é a avaliação do recém-iniciado Governo Temer? Qual é o porcentual da população que apoia a volta de Dilma Rousseff à presidência? Os dados não são triviais, já que o julgamento do impeachment está em curso no Senado e há votos de senadores considerados voláteis sob intensa disputa. A poucos meses das eleições municipais, até a estratificação regional dos números é relevante – a maioria do Nordeste é contrária à destituição? E o Sudeste?

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O apagão de levantamentos começou a se desfazer nesta quarta-feira com a divulgação da pesquisa da Confederação Nacional do Transporte (CNT), feita em parceria com a MDA Pesquisas. O levantamento aborda uma série de questões que vão desde corrida eleitoral de 2018 até principais preocupações dos brasileiros com a crise. Contudo, os últimos dados publicados pelos dois dos principais institutos de pesquisa do Brasil ainda deixam questões em aberto. Às vias da votação na Câmara, o Datafolha, por exemplo, mostrou que o apoio ao impeachment tinha caído de março para abril, indo de 68% para 61%. E já depois da decisão dos deputados federais na controversa sessão da Câmara, o Ibope mostrou que apenas 8% da população aprovava a solução atual: com Michel Temer como presidente interino.

Questionado sobre a divulgação de uma nova pesquisa que abordasse o apoio à volta de Dilma Rousseff e a avaliação de Temer, o Ibope, por meio de sua assessoria de imprensa, disse não ter ainda pesquisa sobre o assunto e que os porta-vozes do instituto só respondem sobre dados divulgados. Já o Datafolha comentou que um novo estudo deve ser divulgado em breve, mas que ainda não há data definida. “É importante dizer que em raras ocasiões o Datafolha fez pesquisas sobre a popularidade de um Governo antes que ele completasse 100 dias. No caso do Itamar Franco, que é o precedente em relação ao impeachment, ele assumiu em outubro de 1992 e a pesquisa sobre sua avaliação só foi divulgada em dezembro”, comenta Alessandro Janoni, diretor de pesquisa do instituto.

O fato de Temer já ter lidado com uma série de notícias pouco favoráveis em menos de um mês de Governo, aliado aos dados das últimas pesquisas que mostravam pouca confiança nele, são, segundo diferentes analistas, indícios de que, quando divulgados, os novos dados revelarão um cenário bem ruim para o presidente interino. Afastamento de dois ministros, manifestações quase diárias de apoio a Dilma Rousseff e o fato de que a imprensa internacional vem classificando o processo de impeachment como viciado são só algumas das questões que têm pululado desde que Temer assumiu –  sem falar no já mencionado pedido de prisão dos quatro caciques do PMDB.

Para Janoni, a situação pode mesmo apontar para esse lado, mas só o fato de a popularidade do interino não ser alta não é uma garantia. “Tudo depende de como a sociedade lerá as notícias mais recentes. Só 18% das pessoas tinham uma expectativa positiva de Itamar e ele fechou seu ciclo com 41% de popularidade. Se tomarmos isso como base, Temer ainda poderia ter espaço para crescer, já que apenas 16% da população tem uma expectativa positiva em relação a ele, segundo a última pesquisa”, pondera.

O diretor do Datafolha também ressalta que Itamar Franco levou tempo para fechar sua composição de Governo. “Fernando Henrique Cardoso, por exemplo, só virou ministro da Fazenda em maio de 1993”, diz ele, ou sete meses depois da posse. Contudo, os dois cenários são bem diferentes. O ex-presidente Fernando Collor, ao contrário de Dilma, não gozava de quase nenhum apoio popular. Para tentar melhorar sua imagem, Temer escolheu para sua primeira viagem oficial uma visita ao Nordeste brasileiro, principal reduto eleitoral petista. Ele segue para Pernambuco e Alagoas na semana que vem.

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