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Maduro oferece diálogo à oposição diante da pressão da OEA

O chavismo reage ao anúncio da OEA de ativar a Carta Democrática desafiando a oposição

Maduro, durante seu programa de televisão.Foto: reuters_live | Vídeo: QUALITY

Em um movimento para promover um cenário diplomático diferente do da OEA (Organização de Estados Americanos), o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta terça-feira à noite estar disposto a manter os termos acordados com o trio de ex-presidentes — integrado pelo panamenho Martín Torrijos, o dominicano Leonel Fernández e o espanhol José Luis Rodríguez Zapatero — e a União das Nações Sul-americanas (Unasul) para dialogar com representantes de oposição.

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Maduro fez a afirmação ao fim da terceira hora de seu programa noturno de todas as terças-feiras, En contacto con Maduro, para o qual tinha prometido reservar sua reação oficial diante da solicitação, divulgada apenas algumas horas antes pelo secretário geral da OEA, Luis Almagro, de convocar uma sessão especial do Conselho Permanente desse organismo para considerar a crise venezuelana nos termos da Carta Democrática Interamericana.

Em outro comunicado na quarta-feira, 1º de junho, Maduro anunciou ao mesmo tempo que apresentará ao Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) uma ação contra a direção da Assembleia Nacional, à qual acusa de incorrer em delitos de usurpação de funções e traição à pátria.

Apesar do anúncio, o presidente venezuelano mal se referiu ao executivo máximo do fórum interamericano e sua iniciativa. Limitou-se a vaticinar para Almagro um destino “nos infernos mais profundos da história”. Revelou que quando o próprio Maduro e Almagro eram chanceleres de suas respectivas nações, o uruguaio teria sido um dos “mais ativos opositores à entrada da Venezuela no Mercosul”, apesar das instruções dadas pelo então presidente José Mujica.

O sucessor de Hugo Chávez dedicou um bom trecho do programa a defender a rodada de “aproximação” com delegados de oposição, como a chamou, que teve um começo acidentado na sexta-feira passada na República Dominicana sob os auspícios do trio de ex-presidentes e a Unasul. Nesse dia, os mediadores se reuniram em separado com delegados do Governo e a oposição com um propósito “exploratório”, como afirmava um comunicado do Mercosul.

Maduro anunciou também que estuda impetrar “ações legais” na Espanha contra diversos meios de comunicação peninsulares

A chanceler venezuelana, Delcy Rodríguez, que participou da dinâmica, informou sobre as negociações em sua conta do Twitter, dando a entender que se tratava de conversas diretas entre as partes. Em reação, porta-vozes da opositora Mesa de Unidade Democrática (MUD) informaram que não dariam continuidade ao processo.

“Por acaso é ruim que estabeleçamos uma conversa, apesar de todas as diferenças que temos, para encontrar pontos em comum em função dos interesses do país?”, perguntou-se em voz alta o presidente venezuelano, antes de afirmar que seus emissários vão conversar “quantas vezes forem preciso”. Maduro repassou todas as ocasiões nas quais teria aberto oportunidades para o diálogo, o que a oposição sempre recusa, segundo seu relato.

O secretário-geral da Unasul e o ex-presidente da Colômbia, Ernesto Samper, já informaram que está prevista uma nova sessão de encontros na próxima semana na República Dominicana.

No mesmo programa, mas em tom mais combativo, Maduro informou que chamou o Embaixador da Venezuela em Madri, Mario Isea, para, ao lado de alguns assessores jurídicos, estudar que “ações legais” seu Governo tentará impetrar na Espanha para deter a campanha que, em seu ponto de vista, diversos meios de comunicação peninsulares mantêm contra o regime de Caracas. “É uma ação ao amparo do direito que os venezuelanos têm para que sua verdade seja conhecida, mas também para que os espanhóis conheçam a verdade”, afirmou.

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