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Novo ataque contra hospital em Aleppo agrava a tragédia da Síria

A ofensiva rebelde deixa ao menos de vinte mortos em regiões controladas pelo regime sírio É o segundo ataque a um hospital na cidade síria em menos de uma semana

Ruínas de um dos bairros de Aleppo mais atingidos pela guerra síria.Foto: reuters_live
Juan Carlos Sanz

Os esforços diplomáticos internacionais para restaurar o cessar-fogo na Síria bateram de frente, nesta terça-feira, com o recrudescimento dos combates em Aleppo, onde os agressores já não respeitam alvos proibidos como os centros de saúde. Foguetes lançados da zona rebelde da cidade atingiram o hospital Al Dabit, situado na parte sob o controle do regime de Bashar el Assad, segundo o Observatório Sírio para os Direitos Humanos. Ainda segundo esta ONG, ao menos 19 pessoas morreram em vários ataques coordenados pela oposição nesta terça na cidade, mas ainda não se sabe quantas foram as vítimas do ataque ao hospital. A agência estatal de notícias SANA estima que pelo menos três mulheres morreram no bombardeio ao hospital, que deixou também 17 feridos. O Exército do Governo sírio respondeu à ofensiva rebelde com um ataque em grande escala.

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Cerca de cinquenta civis, incluindo cinco membros da equipe de atenção médica, morreram na quinta-feira, dia 28 de abril, em um ataque atribuído à aviação do regime contra o hospital Al Quds —mantido pelos Médicos sem Fronteiras e situado em um bairro controlado pela oposição— e seus arredores. Esta grave violação das leis de guerra desencadeou uma reação internacional para tentar deter a escalada de combates, que já resultou em mais de 250 mortos em Aleppo em apenas duas semanas.

Duas tréguas parciais e temporárias parecem ter sido estabelecidas desde então nas frentes de Guta Oriental, na periferia de Damasco, e do norte de Latakia, na costa mediterrânea. Mas o cessar de hostilidades geral que entrou em vigor no fim de fevereiro continua sendo minado pelos enfrentamentos em Aleppo, a principal cidade do norte do país. O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, viajou na segunda-feira para Genebra para tentar restaurar o cessar-fogo. Depois de se reunir com o mediador da ONU para a Síria, Staffan de Mistura, Kerry reconheceu que o conflito estava em grande medida “fora de controle”.

Mistura se reuniu terça-feira em Moscou com o ministro de Relações Exteriores russo, Serguei Lavrov, que expressou sua confiança de que seja declarado um cessar de operações militares em Aleppo “nas próximas horas”. A Rússia é o principal aliado do regime de Al Assad, ao qual tem apoiado com um amplo destacamento militar desde setembro passado. Sua pressão é chave para que as forças governamentais detenham suas operações, da mesma forma que os EUA, que apoia os grupos rebeldes ao lado de Arábia Saudita e Turquia, podem contribuir para controlar as ofensivas da oposição. O mediador da ONU resumiu assim em Moscou: “Tenho a sensação de que nas próximas horas é possível retomar o cessar-fogo. Se for assim, voltaremos ao bom caminho”. Mistura encabeça as negociações de paz de Genebra entre Governo e oposição, que estão em ponto morto desde a quebra da trégua

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