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Papa envia carta a Maduro sobre a “grave” situação da Venezuela

Francisco escreveu para o presidente venezuelano, em caráter pessoal, mas o conteúdo não foi revelado

O papa, no sábado, na Praça de São Pedro, no Vaticano.
O papa, no sábado, na Praça de São Pedro, no Vaticano.GIORGIO ONORATI (EFE)

Já faz tempo que a situação da Venezuela preocupa, seriamente, o Vaticano. Não só pela tensão política, pelas dificuldades econômicas e pelos altos índices de violência que afetam a população, mas também pela teimosia do Governo de Nicolás Maduro em não admitir qualquer tentativa de mediação. A poderosa máquina diplomática do Vaticano, que foi capaz de interceder durante meses, em segredo, entre os governos dos Estados Unidos e Cuba, continua se deparando com o muro intransponível levantado pelo sucessor de Hugo Chávez. Por isso, Francisco decidiu enviar uma “carta pessoal” ao presidente, oferecendo sua ajuda diante da “grave situação” que o país atravessa.

O porta-voz do Vaticano, o jesuíta Federico Lombardi, confirmou o envio do texto, mas não revelou seu conteúdo exato. Jorge Mario Bergoglio, conforme explica Lombardi, continua muito atento à situação da Venezuela, inclusive, em uma de suas últimas celebrações, no domingo de Páscoa, mencionou o país sul-americano durante a mensagem prévia à bênção Urbi et orbi. “É necessário que todas as partes trabalhem para favorecer a cultura do encontro, a justiça e o respeito recíproco com a finalidade de garantir o bem-estar espiritual e material dos cidadãos”, disse o papa.

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Lombardi lembrou que “a seriedade da situação” que a Venezuela enfrenta se reflete de maneira bastante clara “na recente declaração feita pelos bispos no dia 27 de abril”, e ressaltou os esforços do núncio apostólico, Aldo Giordano, para “favorecer o diálogo auspiciado pelo papa”.

O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante uma visita a Puerto La Cruz, na quinta-feira.
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, durante uma visita a Puerto La Cruz, na quinta-feira.HANDOUT (REUTERS)

Maduro anunciou, no sábado, um aumento de 30% do salário mínimo mensal dos trabalhadores venezuelanos, uma porcentagem que, somada a outros incrementos decretados anteriormente pelo mandatário, representa um acumulado de 105%. Segundo o presidente, o salário será, a partir de hoje, de 15.051 bolívares (cerca de 5.200 reais).

O aumento de 30% será homologado, também, conforme anunciou o presidente, às pensões e tabelas de trabalhadores públicos e militares. No entanto, isso não é suficiente para que os cidadãos possam enfrentar os mais sombrios prognósticos sobre a disparada da inflação, que, segundo o Banco Central da Venezuela, foi de 180,9% em 2015. O Fundo Monetário Internacional (FMI) calculou que, até o final deste ano, a inflação chegará a 700%, o índice mais alto do mundo.

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