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Bruxelas reabre o metrô de Maelbeek, o último cenário do terror jihadista

A estação opera com fortes medidas de segurança e menor afluência de passageiros

Soldados patrulham a plataforma de Maelbeek, na segunda-feira, dia 25.Vídeo: Geert Vanden Wijngaert
Álvaro Sánchez

Maelbeek, 9h10 da manhã. O metrô para na estação e alguns poucos passageiros saem dos vagões sob o olhar de um casal de soldados. A nuvem de fumaça branca. O cheiro de queimado. A correria. São apenas lembranças do que neste mesmo horário, em 22 de março, aconteceu em Bruxelas durante o maior ataque terrorista de sua história. Todo o rastro do atentado que atingiu o epicentro das instituições europeias desapareceu sob 100.000 euros (cerca de 400.000 reais) de alvenaria, pintura e pisos.

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“O piso é um pouco diferente. Mudaram os ladrilhos”, reparou um jovem lobista argentino, de 29 anos, que desce todo dia na estação de Maelbeek. O fechamento da estação durante o último mês o obrigou a mudar sua rotina e descer uma parada antes para chegar a pé a seu escritório. Como em muitos outros casos, a casualidade faz com que hoje esteja a caminho do trabalho e contemple o ocorrido como cidadão e não como vítima. “Costumo vir a esta hora. Naquele dia estava dois trens atrás. Vim tarde.”

Em seu primeiro dia de abertura, a afluência de passageiros foi visivelmente inferior ao habitual, e a presença de militares e policiais não se restringiu apenas à estação afetada, mas a toda a rede. A reabertura de Maelbeek foi acompanhada da volta ao horário habitual de funcionamento das demais estações da capital belga, que desde o atentado ampliou progressivamente o tempo que permanece aberta.

Soldados patrulham a plataforma de Maelbeek, na segunda-feira, dia 25.
Soldados patrulham a plataforma de Maelbeek, na segunda-feira, dia 25.Delmi Álvarez

Na entrada de Maelbeek, as autoridades instalaram a chamada parede das memórias, um painel junto ao qual repousam dois marca-textos para que os cidadãos deixem sua mensagem de condolências. Nesta segunda-feira, já estava praticamente cheio. Entre as palavras que podiam ser lidas esta manhã em árabe, alemão, espanhol, inglês ou francês, uma frase simples: “Em memória de meu querido filho Olivier D. Papai”, em memória de Olivier Delespesse, funcionário público belga, um dos 16 mortos em Maelbeek.

Familiares das vítimas, com o pai de Delespesse, foram os primeiros a assinar no sábado, em meio a uma visita organizada pelo local dos fatos. “É uma etapa importante no trabalho de aceitação para pessoas que perderam um membro de sua família aqui, foram feridas ou têm sequelas psicológicas”, afirmou Ine Van Wymersch, porta-voz da procuradoria.

A estrutura da via não foi afetada pelo atentado, o que permitiu que os trens circulassem por Maelbeek depois do ataque reduzindo a velocidade, mas sem parar, até segunda-feira, dia 25 de abril. “Nos primeiros dias recebemos muitos agradecimentos por termos retomado o serviço tão rápido, mesmo que parcialmente”, comenta Cindy Arents, porta-voz da STIB, instituição que gerencia o metrô.

Seu aspecto atual não será, no entanto, o definitivo. O Governo de Bruxelas encomendou ao artista Benoît Van Innis, autor dos retratos que adornam os azulejos da estação, uma obra que represente o que ocorreu em 22 de março.

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