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CRÍTICA | MEU REI
Crítica
Género de opinião que descreve, elogia ou censura, totalmente ou em parte, uma obra cultural ou de entretenimento. Deve sempre ser escrita por um expert na matéria

'Meu Rei' : Acabe comigo, me mate

O desfecho deixa uma porta aberta para se discutir se Maïwenn sabe que fez um filme de terror ou se acredita mesmo nesse tipo de sedução

Emmanuelle Bercot e Vincent Cassel, no filme.
Emmanuelle Bercot e Vincent Cassel, no filme.

Segundo deu a entender a própria diretora em declarações recentes, a relação sentimental que uma Maïwenn de quinze anos teve com o cineasta Luc Besson –e que durou cinco anos- está no centro de Meu Rei, esse filme dilacerante, furioso e visceral sobre a toxicidade dos relacionamentos estruturalmente desequilibrados.

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Festival de cinema francês vai até 22 de junho

Com 15 filmes inéditos na programação, começou nesta quarta-feira e vai até 22 de junho o anual Festival Varilux de Cinema Francês. Nesta edição, 50 cidades brasileiras farão parte do circuito. Além de Meu Rei, estará em cartaz Chocolate, de Roschdy Zem, com Omar Sy, que se popularizou com os  Intocáveis. O clássico da vez é  Um Homem, Uma Mulher,  filme de Claude Lelouch ganhador da Palma de Ouro e o Oscar de melhor filme estrangeiro que completa cinco décadas.

Em Meu Rei [Mon roi], em cartaz no Festival Varilux, Georgio –o personagem interpretado por Vincent Cassel—é uma pessoa que vê uma relação sentimental como um circo com três picadeiros, que divide as suas apresentações pirotécnicas em longos períodos de desapego, ausência e incapacidade de entender que um casal talvez requeira outras circunstâncias além de uma plateia lotada por um público de entusiastas. Sua figura, seu perigo e também o seu encanto indomável são vistos pelos olhos de Tony, uma advogada que parece ter vindo ao mundo para encarnar a lei segundo a qual o ser humano é o único animal capaz de tropeçar duas vezes –ou até duzentas vezes– na mesma pedra. O personagem complexo, contraditório e sofrido de Tony, que rememora essa história passional enquanto passa por um período real, mas também metafórico, de convalescença, é encarnado por Emmanuelle Bercot, que participou do trabalho anterior de Maïwenn –Polisse (2011)—e recebeu o prêmio de melhor atriz pela atuação em Meu Rei em Cannes no ano passado, que foi aberto justamente com o seu quarto longa-metragem como diretora, De cabeça erguida.

MEU REI

Direção: Maïwenn.

Intérpretes: Emmanuelle Bercot, Vincent Cassel, Louis Garrel, Isild Lhe Besco.

Gênero: drama. França, 2015.

Duração: 124 minutos.

Bercot e Cassel, apropriadamente estimulados por Maïwenn a improvisar bastante, são tudo nesse filme um tanto cansativo –você se sente como se estivesse casado há 30 anos com o extenuante Goorgio--, mas carregado de nuances significativas. O desfecho deixa uma porta aberta para se discutir se Maïwenn sabe que fez um filme de terror ou se acredita que a sedução sempre dispõe de um cheque em branco para agir e atacar livremente.

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