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Venezuela terá inflação de 2.200% em 2017, prevê FMI

Economia do país encolherá 8% neste ano, segundo as estimativas do Fundo

Amanda Mars
Manifestação contra a falta de medicamentos, no mês passado, em Caracas.
Manifestação contra a falta de medicamentos, no mês passado, em Caracas.FEDERICO PARRA (AFP)

A economia venezuelana entrou numa espiral inflacionária que não parece mais ter fim. O Fundo Monetário Internacional (FMI) já havia previsto em janeiro um recorde de inflação neste ano no país, com a estimativa de 720% – ou seja, que os preços seriam multiplicados por mais de oito. Nesta terça-feira, porém, um novo relatório divulgado pelo Fundo em Washington foi além, ao prever uma taxa de até 2.200% no final de 2017. Para os anos seguintes, o problema se agrava até chegar a 4.600% de inflação anual em 2021.

É difícil prognosticar a evolução dos preços num prazo tão longo, mas as previsões do FMI não deixam dúvidas sobre o descontrole monetário na Venezuela. Se os presságios desse relatório se cumprirem, os preços se multiplicarão por mais de 400 milhões em um prazo de seis anos. Algo que hoje custe 100 bolívares custaria 42,7 bilhões no final de 2021.

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Esta situação hiperinflacionista se dá em um contexto de derretimento do valor da moeda venezuelana, o bolívar, que perdeu praticamente todo o seu valor desde a ascensão de Nicolás Maduro ao poder. Embora a taxa de câmbio oficial esteja em 6,30 bolívares por cada dólar, no mercado negro a moeda norte-americana é negociada por mais de 1.100 bolívares, segundo o site dolartoday.com, referência extraoficial do mercado paralelo. Isso significa que a divisa vale na verdade menos de 1% do que diz a taxa oficial de câmbio. E os salários não subiram da mesma forma.

A Venezuela, produtora de petróleo, é também um dos países mais atingidos pela queda no preço desse produto. Seu PIB está evaporando: após um declínio de 4% em 2014 e de 5,7% em 2015, a economia deverá encolher 8% este ano e 4,5% no próximo, segundo o relatório de previsões do FMI.

“A incerteza política e o renovado declínio no preço do petróleo agravaram os desequilíbrios macroeconômicos e as pressões”, destaca o FMI em seu relatório. Assim, o mercado de trabalho também sofrerá um desabamento, e a taxa de desemprego deve disparar 10 pontos percentuais neste ano, passando de 7% para 17%. Em 2017 chegará a 20%.

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