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No aeroporto de Bruxelas, pânico e choque depois de ataque terrorista

Passageiros que se preparavam para embarcar de manhã falam de poeira, fumaça e explosões

Álvaro Sánchez
Passageiros e funcionários deixam o aeroporto internacional de Zaventem, nos arredores de Bruxelas, após as explosões no local.
Passageiros e funcionários deixam o aeroporto internacional de Zaventem, nos arredores de Bruxelas, após as explosões no local.LAURENT DUBRULE (EFE)
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Terrorismo em Bruxelas

Os terroristas golpeiam a infraestrutura de Bruxelas. Uma procissão silenciosa, na qual às vezes se via uma lágrima, deixava na manhã desta terça-feira o aeroporto de Bruxelas-Zaventem depois da dupla explosão ocorrida no setor de embarque pouco antes das 8h (4h em Brasília), no que, segundo promotores, “provavelmente” se tratou de um atentado suicida. A série de ataques terroristas na capital belga, que afetou também o metrô, deixando dezenas mortos e feridos.

Os relatos dos passageiros que se preparavam para embarcar são unânimes em citar duas fortes explosões, seguidas de nuvens de poeira e fumaça. O beninense Jean Fanck contou que havia ido ao aeroporto acompanhar um amigo. “Eu o perdi de vista, ouvi as explosões e saí correndo. Joguei fora meu casaco e minha mochila”, diz ele, tremendo de frio junto ao cordão de isolamento policial.

Duas estudantes de enfermagem que fariam uma viagem de estudos a Lisboa percorriam a pé o caminho que separa o aeroporto da rodovia, onde esperavam ser recolhidas. “Ouvimos duas fortes explosões e vimos sair poeira e fumaça. Uma colega nossa foi embora de ambulância, ferida numa perna”, disse uma das estudantes, ainda visivelmente abaladas. Pararam por um instante, e o horror apareceu no rosto de uma delas, enquanto olhava a tela do seu celular: “No metrô também!”, disse a jovem, referindo-se ao outro atentado do dia na cidade.

Os acessos ao aeroporto ficaram fechados ao tráfego de automóveis e trens, e a região foi ocupada pelas forças de segurança depois que o Governo elevou o nível de alerta em Bruxelas de 3 para 4, o máximo da escala. Alguns voos que se aproximavam do aeroporto foram desviados para Liège, que geralmente só recebe voos de carga. O outro aeroporto de Bruxelas, o Charleroi, reforçou sua segurança. As autoridades mobilizaram vários ônibus para levar os passageiros afetados para o centro da cidade, e um ginásio foi preparado para abrigá-los temporariamente. O ruído das sirenes da polícia e de ambulâncias é incessante.

Estudantes de enfermagem que deveriam embarcar para Lisboa numa viagem de fim de curso caminham na direção da estrada.
Estudantes de enfermagem que deveriam embarcar para Lisboa numa viagem de fim de curso caminham na direção da estrada.

O norte-americano Jeff Lasomer, que viajaria para San Antonio (Texas) com a esposa e uma filha para ver o nascimento de uma neta, ficou retido no congestionamento que se formou depois da interrupção dos acessos pela polícia. Ele é militar e já serviu no Afeganistão e na ex-Iugoslávia. “Estávamos prestes a chegar [ao aeroporto] quando vimos a um carro da polícia interromper o tráfego justamente na nossa frente”, conta.

Também presente no aeroporto, o espanhol Eneko Igartua, de 25 anos, esperava para embarcar rumo a Barcelona. Havia passado apenas um dia em Bruxelas, a convite de um evento relativo ao seu trabalho como consultor. Deveria ter viajado de volta ao seu país na véspera, mas o voo foi cancelado. “Eu me preparava para embarcar quando nos retiraram. Não vi nem ouvi nada”, contou.

As explosões ocorreram três dias depois da detenção em Bruxelas do jihadista Salah Abdeslam, foragido desde os atentados de 13 de novembro em Paris, que deixaram 130 mortos.

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