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Forte explosão na capital da Turquia mata pelo menos 34 pessoas

Detonação, provavelmente de um carro-bomba, ocorreu perto de um posto de polícia

Andrés Mourenza

Uma bomba no coração comercial de Ancara tirou neste domingo a vida de pelo menos 34 pessoas e deixou cerca de 125 feridos, segundo fontes oficiais. O atentado levou de novo a capital da Turquia ao estado de alerta, depois que, há menos de um mês, o ataque de um grupo armado curdo matou 28 pessoas, também em pleno centro da cidade.

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“Um total de 34 de nossos cidadãos foram assassinados quando um carro explodiu no Parque Güven, no distrito de Kizilay, e cerca de 125 de nossos cidadãos feridos deram entrada em diversos hospitais”, informou a delegação provincial do Governo em Ancara, que indicou que 23 das vítimas morreram no local do atentado, e 4 no hospital, devido aos ferimentos.

O incidente ocorreu às 18h41 (horário local), quando um veículo carregado com explosivos atingiu um ônibus numa parada na esquina do Parque Güven que dá acesso ao Bulevar Atatürk, ou seja, no centro nevrálgico da cidade, e onde a cada dia —com mais intensidade nos fins de semana— se concentram milhares de pessoas para ir às compras, sair com os amigos ou passear pelos calçadões vizinhos. A explosão foi tão grande que incendiou vários veículos e provocou danos em edifícios próximos. “O chão está cheio de cacos de vidro. A explosão afetou até pessoas que estavam a cem metros do local”, disse o jornalista do Hürriyet Soner Gürel, do lugar do atentado. Várias ambulâncias foram à área do ataque, para onde se dirigiram também especialistas em explosivos da polícia. Os agentes de segurança isolaram a área por medo de uma nova explosão.

O Conselho Supremo de Rádio e Televisão da Turquia proibiu os canais de TV de transmitir imagens do local do atentado e dos corpos, muito antes de qualquer autoridade política comparecer ou emitir algum comunicado explicando o que acontecera. Sem fazer declarações públicas, o Governo se reuniu emergencialmente com o comando das Forças Armadas, da Polícia e do serviço secreto para discutir a situação, já que esse não foi o primeiro atentado com essas características a abalar o país nos últimos meses. Depois de cada um deles o Executivo foi acusado de erros no trabalho da polícia e da inteligência.

Até a publicação desta reportagem nenhum grupo tinha assumido a autoria do atentado. Pelo modus operandi — um motorista que se imola na direção de um veículo carregado de explosivos — mostra semelhanças com o ataque de 17 de fevereiro, reivindicado pelos Falcões da Liberdade do Curdistão (TAK, na sigla local), grupo armado que se apresenta como una cisão do PKK, mas que, para analistas, continua sob o comando da guerrilha curda. De fato, o TAK tinha prometido se vingar das operações militares do Exército turco no Sudeste do país, que provocaram a morte de centenas de curdos e obrigaram mais de 300.000 pessoas a abandonar suas casas. Só que o atentado de fevereiro foi feito contra vários ônibus de transporte de funcionários e pessoal militar, e no caso deste domingo o alvo escolhido foi completamente civil. Por isso os olhos se voltaram também para o Estado Islâmico, ao qual foram creditados – embora não os tenha assumido publicamente- os atentados de Diyarbakir em junho do ano passado (4 mortos), de Suruç em julho (33 mortos), Ancara em outubro (102 mortos) e Istambul em janeiro (11 mortos).

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