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Polarização política piora e eleva medo de enfrentamento nas ruas

Após depoimento de Lula, atos pró e contra PT ganham força. Rousseff pede "tolerância" e "união"

Manifestantes anti-PT e pró-PT (de vermelho) se enfrentam em frente ao aeroporto de Congonhas na sexta.
Manifestantes anti-PT e pró-PT (de vermelho) se enfrentam em frente ao aeroporto de Congonhas na sexta.Nelson Antoine (AP)
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A condução coercitiva do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela Polícia Federal na última sexta-feira aumentou o clima de polarização política vivido no Brasil. A adesão às manifestações pró-impeachment, marcadas há um mês para o próximo domingo 13/03, ganharam mais fôlego, assim como os protestos em defesa de Lula e do PT, que prometem estourar pelo país. O medo de enfrentamento entre os dois grupos preocupa o Governo Dilma Rousseff, que nesta terça-feira fez um apelo pela “unidade” do país e disse que os Governos precisam de “paz”.

"No momento em que nós vivemos, mais uma vez, é necessário que a gente repita a importância da tolerância", afirmou a presidenta durante discurso em Brasília. Aparentando cansaço, Rousseff afirmou ainda que a crise pela qual sua gestão passa só será superada caso tenha tranquilidade para governar. "Governos precisam de paz, para que nós possamos ter condições de enfrentar a crise e de retomar o crescimento".

Também nesta terça-feira, o Governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, que faz parte do partido oposicionista PSDB, afirmou em uma entrevista à rádio Jovem Pan que não permitirá que os manifestantes pró-Lula ocupem a avenida Paulista no domingo, onde ocorrerá o protesto dos que são contra Rousseff. “Havia uma solicitação para ter outra manifestação no sentido contrário e nós dissemos que no mesmo local não pode. Esse pleito a favor do impeachment, contra a corrupção, já estava agendado há mais de um mês”, afirmou ele. “A situação política agravou-se ainda mais no país. Domingo estamos preparados a oferecer toda a segurança para que as pessoas possam se manifestar.”

Desde a última sexta-feira, quando Lula foi conduzido para a sede da Polícia Federal no aeroporto de Congonhas para prestar esclarecimentos por suspeitas de envolvimento com desvios da Petrobras, a adesão às manifestações que pedem a saída de Rousseff, afilhada política de Lula, aumentou. Segundo o jornal Folha de S.Paulo, um monitoramento das redes sociais indicou que a adesão aos atos do próximo dia 13 dispararam. No entanto, o levantamento, feito a pedido do Governo federal, mostra que a adesão é menor do que a do protesto feito no mesmo mês do ano passado, que reuniu quase um milhão de pessoas. A última, feita pelo mesmo grupo em 16 de dezembro passado, já havia sido bem menor.

Desde o fim de semana passado, a militância do Partido dos Trabalhadores, composta por movimentos sociais, sindicais e estudantis, também tem sido convocada a ir para as ruas pelos próprios caciques do partido, como Lula. Oficialmente, o partido não convocou nenhuma manifestação para o próximo domingo, mas há a preocupação de que os militantes queiram fazer frente aos oposicionistas e que isso acabe gerando confrontos.

Marco Aurélio Mello, ministro do Supremo Tribunal Federal, também expressou preocupação nesta terça-feira. “Que cada segmento saia em um determinado dia. Vamos evitar o pior”, afirmou. “Receio um conflito. Receio, inclusive, o surgimento de um cadáver. E a história revela o que leva a esse surgimento”, completou.

Amostras da animosidade entre os grupos já aconteceu por diversas vezes ao longo do último ano, quando a crise política tomou o país. A última delas foi na própria sexta, em frente ao aeroporto, onde Lula prestava seu depoimento. A Polícia Militar teve que ser deslocada para o local.

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