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OMS adverte que vacina contra o zika só deverá ser testada em 18 meses

O organismo recomendou que as grávidas “considerem adiar” viagens aos países afetados

María R. Sahuquillo
Equipe faz fumigação contra o mosquito ‘Aedes’ no Distrito Federal, em 11 de fevereiro.
Equipe faz fumigação contra o mosquito ‘Aedes’ no Distrito Federal, em 11 de fevereiro.ADRIANO MACHADO (REUTERS)
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A Organização Mundial da Saúde (OMS) advertiu nesta sexta-feira que os testes em grande escala das possíveis vacinas contra o zika vírus não começarão antes de 18 meses. Não existe vacina nem tratamento contra a doença, que na maioria das pessoas causa apenas sintomas leves (febre, mal-estar, dor e eventualmente urticárias) ou mesmo sintoma nenhum. Por enquanto, cerca de 15 laboratórios e agências nacionais de pesquisa trabalham para buscar uma imunização. Os dois projetos mais promissores são os do Instituto de Saúde dos Estados Unidos e do laboratório indiano Bharat Biotech. Já os exames de diagnóstico da doença serão mais rápidos e poderão estar prontos em questão de semanas, esclareceu a diretora-adjunta da OMS, Maria Paule Kieny. Atualmente, 20 empresas e laboratórios participam dos testes desses exames diagnósticos.

O anúncio do organismo ocorre apenas um dia depois do Ministério da Saúde do Brasil garantir que, dentro de um ano, será possível testar a primeira vacina contra o zika vírus. Ainda segundo o Governo, a disponibilização da imunização para a população deverá demorar cerca de três anos, um prazo considerado otimista tendo em vista o tempo de produção de outras vacinas, como a contra a influenza A (H1N1), que levou quase quatro anos.

Além disso, a OMS recomendou às grávidas que “considerem adiar” viagens programadas a países onde foi detectado o zika vírus. A recomendação acompanha sugestões semelhantes feitas por autoridades sanitárias dos Estados Unidos e Europa, devido à suspeita – ainda não comprovada cientificamente – de que existe uma associação entre o vírus e o desenvolvimento da microcefalia fetal. O vírus, transmitido pelo mosquito Aedes aegypti, está presente atualmente em 33 países das Américas, sobretudo no Brasil, e a suposta associação com a microcefalia já havia levado a OMS a declarar alerta sanitário mundial dias atrás.

“As mulheres grávidas devem avaliar com seu médico seus planos de viagem e considerar adiar suas viagens a qualquer zona onde tenha sido detectada uma infecção por zika”. O organismo observa, no entanto, que não há nenhuma restrição às viagens para pessoas que não estiverem grávidas.

Apesar de limitada às grávidas, a recomendação – somada a alertas feitos por outras agências e Governos – pode ter duros efeitos para o setor turístico dos países afetados, sobretudo o Brasil, que espera receber mais de dois milhões de turistas para os Jogos Olímpicos do Rio, em agosto. Alguns atletas que competiriam no evento já cogitam desistir, e o Comitê Olímpico dos EUA afirmou que seus esportistas não serão punidos se tomarem essa decisão. O Quênia – potência das corridas de fundo – também declarou que cogita não levar sua delegação ao Rio.

Apesar dos crescentes indícios, ainda não há provas contundentes de que o zika vírus seja o causador do aumento de casos de microcefalia detectado no Brasil, nem da sua associação com a síndrome neurológica de Guillain Barré. Estabelecer a casualidade exige estudos que levarão semanas ou meses, conforme esclareceu Kieny.

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