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Neymar depõe na Audiência Nacional por fraude e corrupção

O jogador brasileiro do Barça e seu pai são acusados de irregularidades na sua contratação

Fernando J. Pérez
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Neymar terminou na tarde desta terça-feira, de depor Audiência Nacional, na condição de investigado por delitos de fraude e corrupção entre particulares decorrentes das irregularidades na sua contratação pelo FC Barcelona. O atacante brasileiro chegou à sede do judiciário com seu pai em um veículo blindado. O jogador respondeu às perguntas do promotor, de sua defesa e da defesa do Barça, imputado como pessoa jurídica. Neymar se recusou a responder às questões apresentadas pelo advogado do DIS, o fundo de investimentos que possuía 40% de seus direitos econômicos quando jogava no Santos e que se viu prejudicado com as supostas irregularidades da contratação.

Depois de sair do carro e autografar uma camiseta entregue por um dos aproximadamente vinte torcedores que permaneceram às portas da Audiência, o jogador percorreu rodeado por seus seguranças os cerca de 30 metros até a porta do tribunal. Sua chegada estava rodeada de uma expectativa sem precedentes na Audiência Nacional: perto de uma centena de jornalistas o aguardavam.

Nos acessos para a Audiência, tomados por agentes da Polícia Nacional uniformizados e também à paisana, alguns jovens torcedores mostravam cartazes de apoio ao esportista: “Neymar, sou teu amigo”, lia-se em um deles. Um veterano das manifestações contra a corrupção, que comparece a todas as audiências de investigados nos tribunais, portava outro cartaz, com os seguintes dizeres: “Aqui, até no futebol ganham os mais corruptos”.

DIS, o fundo que possuía 40% dos direitos econômicos do atacante brasileiro quando jogava no Santos, processou o jogador, seus pais e os diretores do Barça e do Santos, depois de ficar sabendo que em 2011 o Barça pagou 40 milhões de euros (175 milhões de reais) a Neymar para acertar sua contratação antes de 2014 (de fato, chegou em junho de 2013), quando era “agente livre”. O acordo entre Neymar e o Barça, de junho de 2011, implicava que o atacante rejeitasse todas as ofertas que lhe fossem feitas enquanto jogasse no Santos.

Além disso, no emaranhado de contratos feitos envolvendo o jogador, a negociação entre o Barcelona e o Santos teve o valor da cessão dos direitos federativos – a negociação propriamente dita – fixado em 17,1 milhões de euros (74,52 milhões de reais) sem o conhecimento do DIS. E existem dois contratos adicionais, no valor conjunto de 12,4 milhões de euros (54,04 milhões de reais), que os querelantes – e o juiz da Audiência Nacional José de la Mata – consideram que faziam parte da negociação e pelos quais o fundo de investimento DIS nunca chegou a receber os 40% a que tinha direito.

O acordo pelo qual o Barcelona pagou 40 milhões de euros (174,31 milhões de reais) a Neymar quando ainda jogava no Santos para assegurar a contratação, causou prejuízo econômico ao DIS. O juiz De la Mata é da mesma opinião: o grupo dono de parte dos direitos econômicos de Neymar “se viu privado da possibilidade de que o jogador entrasse no mercado de acordo com as regras da livre concorrência e pudesse obter um valor maior pela negociação”, segundo escreveu o juiz em junho, ao aceitar a ação do DIS. Esse pacto entre o clube catalão e o astro brasileiro pode ser um crime de corrupção entre particulares.

O segundo crime do qual são acusados os diretores do Barcelona, Neymar, seus pais, e os responsáveis do Santos, é o de calote. Os clubes, além do contrato de transmissão dos direitos federativos, assinaram outros dois contratos. O primeiro, no valor de 7,9 milhões de euros (34,43 milhões de reais), corresponde a um suposto direito de preferência do clube catalão sobre três jogadores do Santos: Victor Andrade, Givanildo Pulgas e Gabriel Barbosa. O segundo contrato, de 4,5 milhões de euros (19,61 milhões de reais), é um acordo para disputar um amistoso entre os dois clubes.

O Barcelona não chegou a exercer o direito de contar com os três jogadores e a partida amistosa não foi realizada. O juiz considera que esses dois contatos, rubricados “praticamente na mesma data” do que o de cessão dos direitos de Neymar, são “contratos simulados” que buscam esconder pagamentos pela negociação do finalista do Bola de Ouro da FIFA.

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