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EUA terminaram 2015 com o pé no freio

PIB norte-americano fecha o ano com alta em 2,4%, após se desacelerar no trimestre O consumo doméstico se modera apesar da geração de emprego

Amanda Mars
Operárias na fábrica da Fiat-Chrysler em Warren (Michigan), na semana passada.
Operárias na fábrica da Fiat-Chrysler em Warren (Michigan), na semana passada.Jeff Kowalsky (Bloomberg)
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Os Estados Unidos se aproximam do pleno emprego, mas seus cidadãos não abrem a carteira. A queda do preço do petróleo freou muitos investimentos no setor energético, e a expansão das empresas que poderiam se beneficiar da poupança interna não decolou. Tal combinação de fatores levou a maior potência econômica mundial a fechar o último trimestre de 2015 em desaceleração, segundo a primeira estimativa divulgada, com uma alta de apenas 0,7% em comparação ao mesmo período do ano anterior, muito distante do resultado do terceiro trimestre, quando o PIB teve alta de 2%. O crescimento no conjunto do ano ficou em 2,4%, mesma cifra registrada em 2014.

Se algum desavisado escutasse o executivo-chefe da Apple, Tim Cook, falar sobre a conjuntura econômica na quarta-feira passada, não acreditaria que se tratava da mesma empresa que havia acabado de anunciar um dos maiores lucros trimestrais da sua história. “Nossos resultados são particularmente impressionantes em vista do ambiente global, pois vemos condições extremas como nunca havíamos visto”, disse Cook. Sua empresa informou que neste começo de ano prevê sua primeira queda de faturamento em 13 anos, e, com isso, admite que a paixão por seus celulares iPhone dá sinais de esgotamento e que já não é possível confiar no fôlego da China.

Um temor semelhante percorre a economia norte-americana. O país tem a recuperação mais sólida entre as grandes economias avançadas, mas não consegue passar dos 2% de alta por ano, o que não deixa de ser um ritmo modesto. Seus cidadãos continuam um pouco atemorizados, pois a geração de emprego é robusta, mas o dinheiro parece se encaminhar mais para a poupança do que para o gasto. E os EUA, diferentemente da todo-poderosa empresa californiana, não vem de bater recordes.

Os dados do Departamento de Comércio, ainda sujeitos a revisão, incluem uma clara freada no consumo, que representa dois terços do produto interno bruto. As aquisições de produtos e serviços subiram 1,1%, contra 2,2% no terceiro trimestre. E chama a atenção que isso tenha coincidido com a abertura de 292.000 postos de trabalho em dezembro, muito acima da média mensal de um ano. Em 2015, ao todo, foram gerados 2,65 milhões de empregos, o melhor dado em uma década depois dos 3,1 milhões de 2014.

Mas junto com isso a taxa de poupança dos norte-americanos subiu dois décimos de ponto percentual, chegando a 5,4%, e a melhora da renda familiar disponível se desacelerou, apesar da melhora no mercado de trabalho.

A força do dólar, além do mais, afetou as exportações, e o baixo preço do petróleo afastou muitos investimentos no setor energético. Assim, a inflação do ano ficou em 0,7%, muito longe dos 2% que era a meta do Federal Reserve (banco central).

Nesse cenário delicado, o Fed, que refletiu muito antes de aprovar em dezembro a primeira alta dos juros nos EUA em quase 10 anos, optou na última quarta por esperar para ver antes de continuar aumentando o preço do dinheiro até um nível mais compatível com um cenário pós-crise. E todas as dúvidas internacionais afetam a superpotência. Nesta sexta-feira, o Banco do Japão anunciou que manteria os juros negativos, para estimular a economia e aquecer a inflação. O dólar se revalorizou, algo ruim para as exportações.

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