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Coluna
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Resposta da puta ao político

Da indignação destas honradíssimas mulheres, tirei este modesto ensaio para um futuro cordel

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Cidadão instigado pela caliente e pedagógica reportagem da colega Elisa Clavery no jornal carioca Extra desta quinta-feira, sob o título “Beijinho no ombro do Geddel”, ouvi prostitutas, amigas e desconhecidas, sobre o palpite infeliz do presidente do PMDB da Bahia. Da indignação destas honradíssimas mulheres, tirei este modesto ensaio para um futuro cordel.

Raposa matreira da política, viva a redundância do jogo do bicho, Geddel Vieira de Lima foi deputado federal cinco vezes, aliado de Deus e do Diabo na terra do sol, ex-dirigente da Caixa Econômica Federal e agora conspirador, à sombra do cacaueiro matreiro em flor, pró-impeachment — mas, opa, depende do preço e da conversa. Pense num probo nada fisiológico!

Em entrevista a O Globo , nesta semana, o peemedebista, acusado de favorecer a empreiteira OAS, justificou contatos suspeitos com a seguinte frase: “Tinha de tratar com todo mundo, com empresário, com jornalista, com puta, com viado”. Depois do barulho e da reação de “mis putas” altivas e nada tristes, pediu fuleiras desculpas nas redes sociais.

Daí esta crônica em forma de folheto de feira, o jornalismo selvagem e semi-árido dos trovadores do miocárdio:

Data vênia, peço licença

aos mestres da narrativa,

no que me resta da crença

em Bukowski e Patativa,

dos caras, me resta a bença

a mim me resta a saliva.

Viver é tomar as dores

Do que deveras nos dói,

A política e seus horrores

ferrugem que nos corrói,

bebo aqui com meus amores

desagravo... drink caubói.

Aqui em Copa, com Dolores,

Lemos juntos o jornal Extra,

Beijinho no ombro do Geddel

Que babaca, que bela treta,

Por vingança fomos ao céu

Gozo galáctico do planeta.

Que moral tem esse truta

Pergunto aqui nessa glosa,

Pra zombar de viado e puta

Uma rosa é uma rosa é uma rosa...

Uma rosa é uma rosa, que luta,

E a roseira balança... prosa.

No que Dolores solta o verbo

Grávida de todas as razões,

Cadê esse canalha soberbo

Cheio de falsas explicações?

Aqui pelo que vejo, vixe, avexo

Restou ao ex-tudo os senões.

Na resposta da puta ao político

Dolores provoca, lasca, destrói:

-Sim, seu Geddel, que esquisito

Lembra naquele tempo, boy?

Pra ti, sempre valia a verba, o dito:

Só com a OAS o amor constrói.

Tijolo por tijolo, desenho lógico

Meu caro xará de Holanda...

O pau só bate mesmo nos Chicos

Os Franciscos surfam na onda.

Quem dera a potência dos léxicos

Com Plínio Marcos, Banda Redonda.

Quem dera a dor da gente,

Saísse sempre nos jornalões,

O choro perdido do parente

As Marias que perderam Joões,

A vida seria bem mais decente

To be or not to be, pães, opiniões.

Seu Geddel não bula com elas

É como mexer com meu âmago,

Estarei sempre de plantão, belas,

Se bulir com puta, amor e frango.

Fique na sua, respeite, sem trelas

Viver é fé, cada um no seu rango.

Sobretudo respeite as putas

E os seus filhos, jamais esqueça,

Não há político na guerra astuta

Pense no ventre que te mereça...

Meu caro Garcia Márquez, luta,

Bora nessa, que em ti me fortaleça.

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